Postado em 30/04/2020 20:05 - Edição: Marcos Sefrin
Você certamente já conhece ou já ouviu falar de patologias na construção civil.
Elas representam uma das queixas mais recorrentes dos usuários dos imóveis e um dos pesadelos do setor.
Patologia é um termo de origem grega que significa o “estudo das doenças”, geralmente relacionado à Medicina e Biologia.
Na Construção Civil o sentido é o mesmo, aplicado às “doenças” das edificações, tais como as rachaduras e infiltrações. Apesar do avanço tecnológico na área construção, elas continuam incomodando muito.
Mais que o impacto psicológico negativo, elas indicam que algo vai mal na obra, desvalorizam o imóvel e geram despesas consideráveis no seu conserto, conforme a extensão.
A seguir você vai conhecer as principais patologias na construção civil e entender porque é preciso ter muito cuidado com elas.
1- Trincas e fissuras
Todo mundo já deve ter visto esse tipo de doença das construções. As trincas e fissuras são fraturas lineares, superficiais, no reboco que causam um efeito estético horrível.
Muitas vezes são tratadas como uma coisa só mas não são exatamente iguais.
A diferença que existe diz respeito à espessura de cada uma. Conforme a NBR 9575:2003, que trata de impermeabilização, elas podem ser chamadas da seguinte maneira:
- As microfissuras têm abertura inferior a 0,05 mm.
- As fissuras têm aberturas com até 0,5 mm, estreitas e alongadas.
- As trincas são mais profundas e mais evidentes, maiores de 0,5 mm e menores de 1,0 mm.
Mas, muita atenção:
De dimensões menores e superficiais, se não forem corrigidas as fissuras podem evoluir para trincas ou até rachaduras e causar danos bem mais graves do que a infiltração da umidade e mofo, apenas.
A fissura ou trinca pode ter origem, por exemplo, nas tensões e sobrecargas da edificação que atuam sobre os materiais. Elas são proporcionais à intensidade dessa tensão e à resistência do material utilizado na obra.
Variação de temperatura
Essas patologias na construção civil podem ser causadas também por dilatações e contrações dos materiais relacionadas com a diminuição ou aumento da temperatura. Cada material pode sofrer variação maior ou menor conforme a sua composição e a intensidade do sol e umidade na região onde a obra se encontra.
O arquiteto Emerson Ribeiro e o engenheiro Fabiano José Volkweis citam, num artigo acadêmico, que com o aumento da temperatura as argamassas tendem a se dilatar. O inverso acontece com as baixas temperaturas.
Segundo eles, em grandes variações de temperatura num mesmo dia, a dilatação nos revestimentos externos chega a 0.01mm por metro linear para cada grau centígrado.
“Por este motivo, os revestimentos externos confeccionados por argamassas sofrem violentas movimentações de dilatação e contração o que causa trincas e consequentemente infiltração”, explicam.
Trincas ativas e passivas
As trincas, por sua vez, são classificadas em ativas e passivas. As ativas são aquelas que ainda se movimentam, que modificam suas dimensões no decorrer do tempo.
A trincas passivas já se encontram estáveis há muito tempo, até mesmo anos, sem nenhuma mudança na sua extensão e abertura.
O engenheiro e professor Dickran Berberian recomenda não consertar uma trinca ativa enquanto a causa do problema não for sanado, ou ela poderá voltar.
Ele adverte: quanto mais fina a trinca, mais capacidade de sucção de umidade para dentro do imóvel..
“Portanto, não negligencie trincas finas de fachada porque vai causar mofo nos imóveis”, diz o professor. Antes do conserto, propriamente, é preciso fazer um sulco no local e usar nele um produto vedante.
2- Rachaduras
Entre as patologias na construção civil, elas são maiores e mais profundas que as fissuras e trincas, com abertura superior a um milímetro, as rachaduras são muito mais fáceis de se perceber. Vento, água e até a luz podem passar por elas.
A Defesa Civil do Rio de Janeiro, muito solicitada para tratar disso depois do desabamento do Palace II, produziu algumas orientações a respeito.
Ela ensina que, qualquer construção, por seu peso, tende a provocar pequenos movimentos no solo em que se apoia. Estes movimentos de acomodação podem causar rachaduras nas paredes, no sentido horizontal (deitadas) ou no sentido vertical (em pé).
Cuidado com rachaduras em diagonal
“No entanto, rachaduras em diagonal ou em grande quantidade ou de rápido desenvolvimento indicam que algo grave pode estar acontecendo”.
Neste caso, é necessário providenciar uma vistoria em caráter emergência pela Defesa Civil Municipal.
Uma explicação que é fundamental:
Numa casa de um ou dois andares, a sustentação da estrutura é feita pelas paredes. Num prédio de muitos andares, a sustentação é feita por pilares, vigas e lajes, e é nestes pontos em que possíveis rachaduras exigirão mais atenção.
Além da falta de conservação das edificações, tem causado problemas a construção de acréscimos não previstos pelo cálculo original dos prédios.
Veja uma consequência trágica disso:
“Em 1996, no Rio de Janeiro houve um desabamento parcial de um prédio de seis andares, provocado por um destes acréscimos irregulares, em conjunto com infiltração de águas pluviais, causando mortes e destruição de alguns automóveis.”
Mas tem mais detalhes importantes.
Atenção constante às marquises
Também merecem atenção constante quanto às rachaduras as varandas, marquises e ornatos externos.
Como elas se projetam da estrutura principal para fora, seu ponto de fixação ou ancoragem nessa estrutura é crítico.
Excesso de peso, modificações estruturais e ralos entupidos podem provocar colapso parcial ou total destes componentes. E acidentes gravíssimos, com mortos e feridos, como já aconteceu muitas vezes.
3- Infiltração
É difícil que alguém ainda não tenha tido algum problema de infiltração em um imóvel. Estamos falando da pior, a mais grave das patologias da Construção Civil.
Os estragos que uma infiltração de água ou umidade podem causar são imensos. A começar pelo mofo, bolor, destruição da pintura, até danos maiores nas paredes e materiais metálicos da estrutura.
Jamais negligencie uma infiltração, por menor que seja! Os tipos de infiltrações variam conforme as causas e para cada uma há uma abordagem diferente no conserto.
Elas podem acontecer:
- Devido às chuvas nos prédios com fachadas e coberturas que não receberam impermeabilização ou com falhas no projeto e execução da obra.
- Causadas por vapores de água, como acontece no box do banheiro pelo uso do chuveiro quente, provocando mofo no teto e nas paredes.
- Pela umidade que sobe do solo e é absorvida pela edificação, desde os alicerces até as paredes.
- Provocadas por problemas na rede hidráulica dos imóveis como acontece, muitas vezes, de vazamentos de um apartamento para outro.
Uma boa impermeabilização do prédio é a medida básica contra as infiltrações, estancando a umidade e não permitindo que ela degrade o reboco e a pintura.
Veja o que diz sobre isso um especialista, Fernando Francisco do Nascimento, em nosso artigo no Fórum da Construção:
“O projeto deve contemplar a impermeabilização desde a fundação da obra. Laje sem impermeabilizar não é cobertura e, sim, piso que não tem o atributo de reter líquidos.”
Segundo ele, tudo que tem contato direto com a água ou outros líquidos deve ser impermeabilizado. Isso inclui também jardineiras suspensas, caixas d’água de concreto ou alvenaria, piscinas e varandas.
4- Corrosão das armaduras de aço
Outra patologia que precisa ser citada, entre as principais, é a corrosão das armaduras do concreto, um fenômeno chamado carbonatação decorrente da ação de agentes químicos. O aço encontra-se num meio alcalino, o concreto, onde deve estar protegido de processos corrosivos.
Contudo, eventualmente, acontece do gás carbônico – daí o nome – penetrar nos poros do concreto e, com a umidade encontrada, formar um tipo de acidez que ataca a estrutura metálica.
Pode acontecer de as peças da armadura terem sido colocadas muito próximas da superfície da estrutura e não terem sido cobertas o suficiente pelo concreto. Assim, tornam-se expostas à corrosão.
Também vibrações da edificação ou falhas no processo de cura do concreto podem causar porosidades por onde vai começar o processo corrosivo. A aderência do concreto diminui, ele se descola e expõe ainda mais o aço.
A degradação evolui e não cessa, comprometendo as estruturas, enquanto não forem tomadas providências.
Mas como evitar que essas patologias aconteçam com tanta frequência?
Um projeto bem feito, além de muitos cuidados na execução, é essencial para prevenção de todas essas patologias na construção civil.
Qualidade para evitar as patologias na Construção Civil
Essas patologias que agora você conheceu melhor estão entre as causas mais comuns de queixas no Procon e processos contra as construtoras e incorporadoras. Isso aumenta a pressão por mais qualidade nos empreendimentos.
Também ressalta o cuidado que os compradores devem ter ao avaliar um imóvel para moradia ou investimento.
Seja como for, caso você note alguma dessas doenças num imóvel já sabe que deve tomar providências urgentes. Os riscos envolvidos são graves, não vale a pena facilitar.
Para qualquer uma das patologias na construção civil a recomendação é a mesma, ou seja, procurar profissionais especializados, que saberão avaliar a situação e indicar o tratamento necessário.
Espero que você tenha gostado desse conteúdo. Agora deixe sua opinião e compartilhe com seus amigos, pode ser importante para eles também.
Tomás Lima, redator do Sienge, graduado em Administração pela UFMG, um apaixonado por construção civil
Fonte:sienge.com.br
Ref.: http://forumdaconstrucao.com.br/
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