Postado em 13/01/2020 11:14 - Edição: Marcos Sefrin
Paternidade ou maternidade com apego não é um modismo, é o modo de vida em que você coloca todo o seu coração.
Há alguns anos, eu estava no supermercado, carregando meu bebê de 18 meses em um Wrap Sling (tecido usados para carregar bebês contra o corpo), quando uma senhora com cara de poucos amigos se aproximou de nós. Parecia claro que algo a perturbava muito.
Olhei para ela sorrindo, imaginando o motivo de seu gesto sério e olhar irritado, quando ela despejou uma lista de reclamações contra mim: “O que você está fazendo com essa garota espremida nesse pano escuro? Você não vê que ela está morrendo de calor? Você sabe vai ter dor nas costas quando tiver minha idade? Você não sabe que a liberdade de movimento faz bem também para as crianças?”.
A primeira coisa que fiz foi ficar irritada. Por que essa senhora ficou com tanta raiva de me ver carregar meu bebê? O que a deixou com tanta raiva para vir me repreender com tanta autoridade? Aquilo não entrou na minha cabeça.
Naquele momento, meu outro filho, que estava no carrinho, chamou minha atenção com grande insistência. Aliviada por me livrar das reclamações dessa mulher, partimos juntos para encontrar qualquer área o mais longe possível dela.
Não é bem visto ficar com o bebê nos braços o tempo todo
Nos meus treze anos de maternidade, experimentei várias situações semelhantes, o que me deixa muito triste. Se alguém souber que você carrega seu bebê, que ele ainda dorme perto de você, que o enche de beijos, já vem protestando com agressividade: “Vai mimar essa criança!”. Com isso, eles tentam nos prevenir: “Se você deixar esse bebê dependente de você, ele nunca mais vai desgrudar de você”.
Se você já viu ou vivenciou uma situação similar, tenha confiança. Isso está totalmente fora da realidade! Nossos filhos precisam de muitos mimos, o máximo possível! Além de proporcionar segurança, eles geram efeitos positivos em sua vida a longo prazo. Vamos te contar o porquê a seguir.
Se eu mimar meu filho, ele se tornará um tirano?
A psicóloga espanhola Olga Carmona disse em uma entrevista: “existe uma crença profundamente enraizada que tem a ver com o fato de que o excesso de amor acaba pervertendo o vínculo e criando filhos que tendem a ser tiranos“. Para ela, a razão de afirmar isso parte de uma concepção autoritária da família, na qual os pais governam e os filhos obedecem sem questionar. Para a psicóloga, o erro dessa visão do vínculo familiar está em confundir medo com respeito.
Algo que frequentemente sobrecarrega os pais nesse sentido, é confundir superproteção com carinho. Há diferença entre eles? Claro! Um pai superprotege seu filho quando ele o invalida, fazendo com que ele se sinta incapaz de se proteger, de se defender ou se levantar sem a ajuda de mamãe e papai. Bem diferente de demonstrar constantemente o amor incondicional que sente pelos filhos.
O amor incondicional, em vez de deseducar, dá às crianças a certeza de que são amadas por quem são, independentemente de suas ações. E é exatamente essa segurança que as impulsiona a serem melhores a cada dia.
Amar uma criancinha torna-a mais segura
Vários especialistas concordam que o esforço para dar amor a nossos filhos, especialmente na primeira infância, tem uma eficácia avassaladora, pois é quando é mais fácil moldar o coração de nossos filhos.
Afirmações como essa são endossadas por estudos científicos, como o de Joanna Maselko, da Duke University, em Durkham, Carolina do Norte. Nele, aproximadamente 300 bebês foram monitorados desde os primeiros meses de vida até os 30 anos de idade, catalogando a proximidade emocional com suas mães. Entre as conclusões, podemos observar que “os vínculos saudáveis entre crianças pequenas e pais são cruciais para o desenvolvimento emocional das crianças“.
Como mostra, ao entrevistar filhos adultos, aqueles que tiveram um vínculo mais próximo com a mãe eram definitivamente menos ansiosos e emocionalmente mais saudáveis.
Falta de amor: menores capacidades sociais
Outro estudo a esse respeito, realizado em 2015 na Universidade de Notredame, afirma que “quando não proporcionamos às crianças aquilo que elas evoluíram para necessitar, elas se tornam adultos com habilidades sociais e morais diminuídas“.
De acordo com estudo, a Dra. Darcia Narváez afirma que a proximidade afetiva, o apoio e dedicar tempo para brincar com as crianças têm um impacto positivo na receptividade em relação à felicidade e a melhores relações sociais.
O contato físico é essencial.
Se um recém-nascido é colocado no peito da mãe ao nascer, algo mágico acontece: a temperatura da mãe aumenta ou diminui, dependendo da necessidade de calor do bebê. Essa é apenas uma amostra da riqueza de mantê-los o mais próximo possível.
A doutora Ann Bigelow tem muito a dizer sobre isso, pois o contato próximo das crianças com os pais as ajuda a sentirem segurança, ternura e, eventualmente, a se reconhecerem como “agentes causais”. Isso acontece quando os pais os imitam, reagem a suas caretas e gestos.
Com base no que a doutora disse em uma entrevista, os bebês cujos pais estão deprimidos perdem a autorreferência e não têm desenvolvimento normal.
Tê-los perto do corpo e do coração
O pediatra espanhol Carlos González nos dá uma última orientação para criar crianças emocionalmente seguras: não basta levá-las fisicamente para perto do corpo, nem tentar dar-lhes o famoso “tempo de qualidade”. O essencial é saber olhar para eles.
“É possível carregar uma criança nos braços o tempo todo, mas ignorá-la; inclusive, se for maior, insistir em carregá-la nos braços quando a criança quer engatinhar. É possível pegar uma criança chorando nos braços, mas não aceitar ou responder às suas necessidades; em vez disso, negá-la ou ridicularizá-la (‘parece mentira, uma menina tão grande’, ‘que feio você fica quando chora’, ‘não fica assim, que não é nada”)”, disse o médico.
A proposta é criação com apego: manter as crianças próximas do corpo e também do coração. Forneça-lhes segurança, faça com que se sintam confortáveis consigo mesmas e conosco. Compreender e cuidar.
É um trabalho constante de paciência, recomeço e autocontrole. É difícil, mas torna as crianças fortes, serenas e felizes. Você se anima?
Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original Es ciencia: Mientras más amor le des a tu hijo, más sano y feliz crecerá
Ref.: https://www.familia.com.br/
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