Postado em 28/06/2018 16:14 - Edição: Marcos Sefrin
A felicidade e a virtude
Será que a felicidade está mesmo ligada à virtude? Provavelmente que sim, mas como compreendemos a virtude hoje? A felicidade que consiste em viver a virtude, viver de acordo com a natureza, pode ser refletida. No século XXI, em que estamos vivendo, temos uma ideia meio estranha, nós não estamos acostumados a unir a ideia de felicidade com a de virtude, a virtude parece ser uma coisa nos nossos tempos e a felicidade outra, por quê? A maioria de nós deseja ser feliz e não virtuoso. Para muitos de nós, a exigência de viver uma vida virtuosa entra em contradição com a busca da felicidade. Virtude nos lembra, de certa forma, de obrigações morais com outras pessoas, disciplina para conter os nossos desejos e outros tipos de limites para não falarmos até de repressões. Quando se fala “a pessoa tem que ser virtuosa” parece que tem que ter repressão, enquanto a ideia de felicidade nos remete à realização dos nossos desejos, à liberdade individual vivida em plenitude, ausência de limites, restrições e repressões.
Para nós o desejo natural da felicidade tem a ver mais com o desejo da realização. Parece que a felicidade, quando eu digo “desejo felicidade” significa eu fazer aquilo que eu desejo. Será isso mesmo felicidade? Enquanto a palavra virtude pressupõe necessariamente boas relações, ou corretas com outras pessoas, ou viver segundo à natureza. Virtude significa isso, por isso aqui essa é a distinção. Para nós, a felicidade é uma questão individual, e mais do que uma busca, é uma obrigação. Só que há algo de estranho também nessa concepção. Se a felicidade é uma obrigação, no sentido que eu tenho que ser feliz, ela não é mais um desejo natural de todo o ser humano, pois o que é uma obrigação não é um desejo. É obrigatório “eu tenho que ser feliz”. Se nos sentimos quase que compelidos a sermos felizes, ou pelo menos mostrarmos que estamos felizes, a felicidade passou a ser um peso.
Estamos mais preocupados em mostramos aos outros e a nós mesmos que somos ou estamos felizes do que em procurar viver uma vida realmente feliz. Então o que acontece aqui? O mais importante é a aparência, o que esta a superfície da nossa vida, por isso hoje é quase que proibido dizer estou triste. Parece que não podemos ouvir essa frase. Se a pessoa diz que está deprimida, então a tristeza aqui é uma questão existencial, como a felicidade e alegria, enquanto que a depressão é uma questão médica, que se resolve com pílulas, com remédios, com receitas e assim por diante. Se a felicidade está unida à virtude, a felicidade também é empenho, é vida correta, é busca do bem, é busca da verdade, é fazer o melhor de cada dia...
Pense nisso!
Padre Ezequiel Dal Pozzo
Ref.: Jornal Mercadão
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