Postado em 03/06/2018 08:01 - Edição: Marcos Sefrin
Pesquisa sugere que dietas com restrição de caloria têm efeito positivo até em prolongar a vida. Embora a publicação da Cell Meta-bolism tenha despertado grande interesse entre os especialistas, ainda serão necessários alguns anos de observação
Dietas com restrição calórica reduzem o ritmo do metabolismo e aumentam a longevidade de fungos, vermes, insetos e ratos. Como descendemos de um ancestral comum, é muito provável que o mesmo princípio seja válido para primatas, como nós. Estudos comprovatórios, no entanto, são difíceis de conduzir em seres humanos.
A revista Cell Metabolism acaba de publicar resultados parciais do ensaio clínico CALERIE, desenhado para avaliar os efeitos de dois anos de restrição calórica no metabolismo de 200 pessoas saudáveis, não obesas.
Os autores apresentaram os resultados de 53 participantes de 21 a 50 anos, avaliados num centro de pesquisas da Louisiana, sede de 4 das 20 câmaras metabólicas mais precisas do mundo.
Essas câmaras são como pequenos quartos de hotel vedados, para medir a cada minuto a quantidade de oxigênio consumido pelo hóspede, bem como a de gás carbônico exalado.
A relação entre os dois gases é combinada com a análise do nitrogênio na urina, realizada para verificar se no metabolismo está ocorrendo “queima” de proteína, gordura ou carboidrato.
Os participantes foram divididos em dois grupos: 34 reduziram em 15% o número de calorias diárias ingeridas, enquanto 19 mantiveram a dieta anterior (grupo controle).
Depois de dois anos, os 53 participantes foram levados às câmaras por 24 horas, para avaliação do metabolismo e de marcadores biológicos do envelhecimento, incluindo os estragos celulares provocados pelos radicais livres (átomos de oxigênio altamente reativos).
A restrição dietética provocou a perda de 9 quilos, em média. Nesse grupo, os participantes mostraram-se capazes de usar energia de modo mais eficiente do que os do grupo-controle, além de apresentar redução do metabolismo basal e das alterações celulares associadas ao envelhecimento.
Nos anos 1990 vários pesquisadores estudaram os genes e os caminhos bioquímicos envolvidos na longevidade de um verme minúsculo, o C. elegans, e da mosquinha que sobrevoa as bananas maduras, a Drosophila melanogaster.
As atenções voltaram-se para o mecanismo de sensibilidade à insulina e para o desgaste das mitocôndrias, os corpúsculos intracelulares que usam oxigênio para produzir a energia necessária às funções da célula, processo que libera radicais livres ávidos por reagir quimicamente.
Camundongos criados com restrição calórica chegam a viver 65% mais tempo do que aqueles alimentados à vontade. Efeitos semelhantes foram obtidos em macacos, nossos parentes mais próximos.
Embora a publicação da Cell Meta-bolism tenha despertado grande interesse entre os especialistas, ainda serão necessários alguns anos de observação para verificar se os dados obtidos se traduzirão em aumento real da longevidade.
Um grupo da Universidade da Cali-fórnia está iniciando um ensaio clínico para saber se a restrição calórica intermitente, mantida por alguns dias no mês, tem o mesmo impacto no metabolismo, envelhecimento e longevidade.
Essa estratégia é tão eficaz quanto a restrição contínua, para proteger camundongos das doenças neurodegenerativas e diabetes.
Ref.: https://www.cartacapital.com.br
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