Postado em 05/03/2019 18:18 - Edição: Bruno Wisniewski

O galaxie mais antigo produzido no Brasil, o chassi 0005

Traseira do Vovô - O irmão mais velho e vivo de todos os Galaxies Brasileiros

Foi no ano de 1978, o bom gosto da proprietária e amiga Déborah com então 23 anos falou mais alto quando seu pai lhe apresentou um fusca para ser seu carro, ela então disse:

“...eu não quero isso, é muito pequeno, me sinto oprimida dentro dele”

Foi quando no final de 1979 e inicio de 1980 surgiu um Galaxie 1967, com então 12/13 anos de uso e advindo de seu primeiro proprietário, foi amor à primeira vista: 

“...esse carro sim é um carro! eu quero ele! E inclusive foi nele alguns anos após que eu aprendi a dirigir”
 

Curioso a ausência do aro da buzina

Desde então com ela, que é carinhosamente chamado de Vovô. 

Fato que o Vovô não é um carro comum, apesar dos 39+ anos fazendo sua proprietária mega feliz e sendo usado DIARIAMENTE desde sua aquisição e que NÃO ESTÁ E NUNCA será vendido, ele nada mais é do que o menor chassi de Galaxie nacional produzido e o mais antigo que ainda está rodando!! Do chassi 0005 até o chassi 0080 só existem os carros da tabela a seguir com registro no Denatran (O que não impede de existir um carro placa amarela entre eles que não conste no Denatran).

(O carro 1318 aparece em um mandado de busca e apreensão de 1975 e não consta hoje no detran)

Frente do Vovô demonstrando os sinais de bom uso e de longevidade garantida!

O Vovô, ou o irmão mais velho dos meus e de todos os Galaxies nacionais, deu início a produção em série do maior e melhor carro nacional. Aos 16 de Janeiro de 1967 a Ford iniciava a produção em série do Galaxie nacional, sendo que por processos eu acredito que o 0005 em questão tenha sido um dos e se não o primeiro carro vendido ao público, uma vez que os primeiros 4 devem ter ficado para a Ford para testes e que possivelmente foram desmanchados para análise ou mesmo serviram para desenvolver as mulas do modelo 1968 ou 1969 (uma atividade comum na indústria automobilística).

Foto dos primeiros 1967 em preto e branco dos primeiros Galaxies antes de tocar o solo pela primeira vez - Seria esse o vovô? E Nunca saberemos.

Uma reforma completa de funilaria e tapeçaria em 1997, que alteraria o Azul Infinito original para Azul Aquário (de 1979 também Ford) pois o tom claro do infinito estava à ser manchado pelo tempo e pelos implacáveis passarinhos. Forração de bancos e portas também estavam por desmanchar, e para um carro que era usado diariamente, ele realmente merecia uma reforma. Alguns de seus frisos e adornos foram perdidos e também colocado o espelho em local errado.

Foto de 1994 ainda com suas caracteristicas originais

Da descoberta até o “encontro”:

23/02/2018 o dia em que eu encontrei ele no Detran

Eu descobri a existência do carro em fevereiro deste ano através das minhas pesquisas no DENATRAN (sim eu gasto dinheiro nisso...), onde até então eu provei que existiam carros produzidos em janeiro de 1967, uma vez que o lançamento foi em 16 de Fevereiro de 1967 (coincidentemente 1 mês após a produção ter se iniciado). Desde então tentei levantar os dados do proprietário e somente em Novembro de 2018 consegui finalmente chegar nela, que a princípio se mostrou mega desconfiada uma vez que ela não deixa ninguém encostar no carro ou tirar fotos dele que sempre fica em garagem fechada ou estacionamentos e jamais na rua, quem dirá um maluco (no caso eu) ligando com um número do exterior falando de Galaxie, sem ser convidado e que achou seu telefone sendo que nem consta em lista telefônica, pois é foi assim, e depois de mais de 40 minutos de conversa e muitas histórias fantásticas do carro que hoje com a maior felicidade do mundo em saber que o carro mais antigo ainda vive e roda diariamente, eu divido com os amantes do Galaxie que assim como a Déborah amam esse carro.

As primeiras peças do Galaxie nacional - Interior

Muitas histórias para contar:

Com tantos anos juntos existem muitas histórias para se contar, vou dividir algumas:
“Morei por um tempo em um prédio, e na ocasião o síndico decidiu instalar um portão elétrico com formato de jaula e na ocasião pediram para medir o Galaxie pois ele era o maior carro do prédio, foi aí que soube que meu carro tinha quase 6 metros! Fizeram os portões e me deram dois palmos a mais que o carro, ou seja, eu não podia errar para entrar no prédio ou destruía os portões.... hahaha“ 

Galaxie 500 - Como não amar?!

“Descobri um tempo depois que minha irmã namorou algumas vezes dentro do meu carro, uma vez que ela ficara com o Fusca antes oferecido a mim... nada esperta ela né? Super confortável o Galaxie...” pois é, quem nunca?

Interior refeito - tentando manter o padrão original

“As calotas... essas calotas me deixavam louca, sempre que eu ia para o clube eu escutava clin clin clin clin e lá ia eu, parar para ir buscar a calota com roupa de jogar tênis, até que uns 10 anos atrás eu decidi por arrancá-las por completo” é cara amiga, você não é a única que fez isso na sua vida, lembro me uma vez que eu tive que parar para tentar achar uma minha que voou de noite na estrada, quem nunca? Rs

Emblema da coroa foi invertido com o lado do passageiro

Enfim, muitas histórias que ainda serão contadas e adicionadas aqui em breve bem como possíveis fotos de época. O vovô já passou por 3 retíficas de motor, que o mantém vivo e rodando até hoje, junto com algumas modificações do seu radiador que é o dos Galaxies modernos e mais eficiente, ignição eletrônica para deixar de queimar platinado.
Encontrar esse carro foi um algo surreal, e o que nos deixa mais feliz é o fato de saber que ele está em excelentes mãos, que ama o carro e que não quer se desfazer!!!

O ingresso da felicidade

Parabéns pelo carro, e ficamos imensamente felizes que o carro está com quem ama, tem ciúmes e nunca venderá o carro!

Ref.: https://historiadogalaxie.blogspot.com