Postado em 08/08/2018 09:28 - Edição: Marcos Sefrin
Estudos mostram que a genética é crucial. Outros fatores ambientais podem, no entanto, mudar o resultado
A história da humanidade está se tornando cada vez mais uma corrida entre a educação e a catástrofe - H.G. Wells
Como disse uma vez o autor Richard Dawkins, genes são egoístas, querem ser os donos da bola, e sua luta não é contra seus pares, mas contra o meio em que o indivíduo que os carrega vive.
Em artigo publicado na revista New Scientist, Linda Guedes explica ser verdade que herdamos a inteligência de nossos pais, ou ao menos boa parte dela. Filhos adotados ao nascer têm muito mais correlação de QI com os pais biológicos do que com os pais adotivos e, ao contrário do que se espera, essa diferença com os pais adotivos só aumenta com o tempo, mostra um estudo do doutor Robert Plomin, do King’s College de Londres.
Plomin argumenta que a genética interfere em ao menos 50% na formação da inteligência. E que a inteligência é, na verdade, a expressão de um conjunto de funções cerebrais e traços de personalidade que permitem que você identifique e resolva problemas. Foram descritos mais de 600 genes relacionados ao aprendizado e à inteligência.
Não existe um gene para inteligência musical, mas um time de genes que permite que você tenha uma memória musical, coordenação motora fina, temporização, ritmo e muitas outras qualidades para que o resultado o apresente como um gênio da música.
Apesar de importante, a genética não é tudo. Os genes são um conjunto de potencialidades. Muitos deles podem ter suas expressões moduladas por interferências do meio ambiente e social, como estresse psicológico, desnutrição e falta de estímulo cognitivo, além de alterações orgânicas ou metabólicas, como falta de oxigênio no parto, falta de hormônio da tireoide e diabetes. Até a ingestão leve de álcool durante a gravidez reduz o QI do rebento.
Mas o nosso destino não esta selado. É possível nos tornarmos mais inteligentes. Vários métodos foram testados. Exercícios como palavras cruzadas e jogos de memória apresentam resultados ainda questionáveis, mas estímulos elétricos e magnéticos conseguem turbinar a memória e o aprendizado ao menos por algum período.
O único método que comprovadamente potencializa a inteligência é, no entanto, a educação. Quanto mais longo é o nosso tempo de educação, maior o QI, que aumenta na proporção de 4 pontos por ano escolar, segundo um estudo com a população da Noruega. Isto serve tanto para crianças quanto para adultos.
Dá para imaginar como ficaremos defasados, com nossa política de educação, com aprovação automática, evasão escolar, má qualificação e péssimos salários do professor. Está claro que o mundo desenvolvido, no qual o professor e a educação são valorizados, continuarão a criar os líderes que vão dominar nossa crescente produção interna de idiotas.
Matéria feita por Rogério Tuma — publicado 05/08/2018 00h10, última modificação 01/08/2018 11h30 - istockphoto
Ref.: https://www.cartacapital.com.br
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