Postado em 30/04/2019 11:54 - Edição: Marcos Sefrin
“Bancos retirariam dos trabalhadores 27 trilhões de reais, em 70 anos”
No Brasil das reformas, retrocessos no mundo do trabalho
Se implementarmos a capitalização hoje, ano após ano, novos trabalhadores vão aderir a esse modelo e daqui a 35 anos todo o sistema vai ser administrado pelo banco e todas as aposentadorias serão afetadas – trabalhando com a hipótese de aposentadoria aos 35 anos de contribuição. Fizemos uma planilha na qual fomos colocando as contribuições dos trabalhadores ano a ano e os rendimentos que os bancos teriam por administrar esse serviço. Com isso, percebemos que, em 70 anos, os bancos retirariam dos trabalhadores 27 trilhões de reais. Dividindo esse valor ao longo de 70 anos, dá uma média de faturamento de 388 bilhões por ano”.
A informação é de Mauro José Silva, em entrevista publicada hoje, 29-04-2019, em Notícias do Dia, publicadas diariamente na página do Instituto Humanitas Unisinos – IHU.
Segundo ele, “os filhos e os netos dos banqueiros dormirão tranquilos, porque terão muito jeito de ganhar dinheiro nos próximos 70 anos se a reforma for implementada. Os herdeiros dos banqueiros ficarão muito felizes, porque vão garantir que as suas próximas gerações sejam muito ricas, pois vão estar recebendo metade da renda do trabalhador, a qual deveria ir para formar a previdência dele, mas vai para o bolso dos banqueiros. Nós chegamos a esse número de 388 bilhões por ano só para fazer uma média. Ainda não apareceu ninguém para desmentir esse número; nosso estudo está publicado e ninguém apareceu para dizer que ele está errado”.
Mauro José Silva é graduado e doutor em Direito pela Universidade de São Paulo - USP e mestre em Direito Político e Econômico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. É auditor fiscal da Receita Federal do Ministério da Fazenda e exerce a função de julgador na Delegacia de Julgamento de São Paulo.
“Enquanto o governo não combater a sonegação – defende o auditor fiscal -, não diminuir os benefícios fiscais e não trouxer para dentro do sistema previdenciário todos os recursos que foram gastos quando o sistema era superavitário, não se poderia fazer uma reforma. Quando o sistema era superavitário, o Estado usou o dinheiro para construir a ponte Rio-Niterói, para construir Brasília, fundaram as grandes estatais, mas esses recursos nunca voltaram para a Previdência. Também houve desvio de recursos por meio da Desvinculação de Receitas da União - DRU, e esse dinheiro desviado nunca retornou. Então, há uma falta de compromisso em trazer esses recursos de volta, mas enquanto isso não for feito não é o caso de fazer uma reforma, porque juridicamente a reforma seria inconstitucional já que o próprio governo não fez a sua parte”.
Ref.: http://www.ihu.unisinos.br/
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