Postado em 05/10/2020 20:52 - Edição: Marcos Sefrin
Pesquisa revela que três quartos das culturas podem ter produção afetada pela diminuição ou extinção de espécies polinizadoras
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A ausência de abelhas em áreas rurais limita a produção de culturas agrícolas. É o que aponta um estudo recente realizado nos Estados Unidos que alerta para o fato de que o declínio da população de polinizadoras trará graves impactos à segurança alimentar no mundo.
Espécies selvagens de abelhas estão sofrendo com a falta de habitat e floração natural, o uso de agrotóxicos e pesticidas e com as variações de temperatura provocadas pela mudança climática. Abelhas criadas em apiários podem contar com alguma proteção, mas também são ameaçadas pelos mesmos fatores, além de doenças.
Pesquisadores temem que cerca de três quartos das culturas agrícolas podem ser afetados com a ausência destes insetos e os novos estudos mostram que este medo se justifica.
Efeito na produtividade
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Um total de 131 plantações foram pesquisadas nos Estados Unidos, Canadá e Suécia. Das 7 culturas estudadas nos Estados Unidos, 5 apresentaram impactos negativos na produção com o declínio da população de abelhas.
“As plantações com mais abelhas tiveram uma produção significativamente maior”, garante Rachael Winfree, ecologista e especialista em polinizadores na Universidade de Rutgers e autora do artigo publicado sobre o tema na Royal Society. “Foi uma surpresa, não esperava que houvesse um limite tão grande”.
Abelhas selvagens são polinizadoras mais eficientes
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Entre as descobertas do estudo está o fato de que as abelhas selvagens contribuem mais do que o esperado na polinização de culturas agrícolas, apesar destas não serem as plantas que originalmente as atrai. As abelhas selvagens são melhores polinizadoras do que as criadas em apiários, mas os pesquisadores descobriram que muitas destas espécies estão em perigo.
A mamangaba por exemplo foi a primeira espécie a ser declarada ameaçada de extinção nos Estados Unidos em 2017 depois de ter a sua população reduzida em 87% nas últimas duas décadas.
Monocultura e agrotóxicos
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Nos Estado Unidos é possível encontrar tendências que se reproduzem em todo o mundo: a agricultura precisa produzir quantidades cada vez maiores de alimento para alimentar a população global, o que leva a monocultura, corte de flores nativas e uso de agrotóxicos, o que prejudica a população de abelhas que faria justamente a polinização destas culturas agrícolas.
De acordo com a Organização Americana de Alimentação e Agricultura, a produção agrícola do país depende de insetos e polinizadores, que tiveram um declínio de 300% em suas populações nos últimos 50 anos. O déficit de polinização pode tornar algumas frutas e vegetais uma artigo raro, e cada vez mais caro, levando a sérias deficiências na dieta da população.
Outros alimentos, como arroz, trigo e milho não seriam afetados uma vez que suas plantações são polinizadas pelo vento.
Ação urgente
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“As abelhas produtoras de mel são mais frágeis do que eram no passado e a população de abelhas selvagens está em declínio, numa velocidade alta”, diz Winfree. “A agricultura está cada vez mais intensiva e cada vez temos menos abelhas, o que fará com que a polinização em algum momento seja bastante limitada. Mesmo que as abelhas não estivessem ficando mais frágeis, é muito arriscado acreditar que possamos contar com apenas uma ou duas espécies de abelha para esta função”.
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A cientista aponta para um risco relevante. “É previsível que as únicas espécies restantes nos campos de monocultura serão alvo fácil para doenças e predadores. O estudo mostra que os agricultores precisam otimizar a polinização com a diversificação de plantações, além da atenção às quantidades e tipos de agrotóxicos usados”.
Para ela, nossa segurança alimentar está ameaçada. “Ainda não chegamos a uma situação irreversível, mas essa é a tendência se nada mudar. De acordo com o estudo, não é um problema que vamos enfrentar em 10 ou 20 anos, já está acontecendo”.
Matéria feiita Por Natasha Olsen 6 de agosto de 2020
Ref.: https://ciclovivo.com.br/
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