Postado em 14/11/2018 10:05 - Edição: Marcos Sefrin
Os benefícios são imediatos, mas a cirurgia não é a solução definitiva porque a perda de peso pode ser seguida de ganho progressivo
Reduzir as dimensões do estômago não é a solução, mas ajuda aqueles com obesidade grave a melhorar as condições de saúde
Cerca de 20% dos brasileiros são considerados obesos, enquanto 32% estão na faixa do sobrepeso.
A classificação é feita por meio do índice de massa corpórea (IMC), calculado pela relação peso/altura x altura.
A faixa do peso considerada saudável é aquela em que o IMC está entre 18,5 e 24,9; o sobrepeso, quando fica entre 25 e 29,9; e a obesidade ao atingir 30 ou mais.
A cirurgia bariátrica foi desenvolvida quando se tornou evidente que pessoas com IMCs acima de 40 apresentavam taxas inaceitáveis de mortalidade. Existem várias técnicas operatórias que apresentam em comum a redução das dimensões do estômago e alguma forma de alterar o trânsito do bolo alimentar pelas alças intestinais.
A adaptação é cheia de complicações possíveis e de problemas que exigem resiliência e disciplina. O menor exagero alimentar pode ser punido com sintomas muito desagradáveis (dumping). A perda de peso, no entanto, costuma ser dramática: há pessoas que emagrecem mais de 50 quilos.
Os benefícios são imediatos: redução da glicemia nos que sofrem de diabetes, queda da pressão arterial, dos níveis de colesterol e triglicérides, melhora dos problemas respiratórios, cardíacos, ortopédicos e articulares, entre outros.
Muitas vezes essas alterações são tão radicais, que pacientes hipertensos, com diabetes ou hiperlipidemia ficam livres das medicações que utilizaram durante décadas. O problema é que a cirurgia bariátrica não é a solução definitiva para a obesidade, porque a perda de peso pode ser seguida de ganho progressivo e retorno a condições próximas às anteriores.
Um grupo da Universidade da Pensilvânia acompanhou, durante um período médio de 6,6 anos, 1.406 adultos submetidos à cirurgia bariátrica, com a finalidade de avaliar as características do ganho de peso nos anos seguintes.
Antes da operação, o IMC médio dos participantes era de 46,3. A redução máxima do peso corpóreo ocorreu, em média, dois anos depois do procedimento. Em relação ao pré-operatório, a perda média foi de 37,4%.
O aumento de peso foi mais acentuado no primeiro ano que se seguiu à perda máxima, mas prosseguiu durante todo o período de acompanhamento. Cinco anos depois da cirurgia, um em cada três participantes recuperou 20% ou mais dos quilos perdidos.
O estudo mostrou que engordar outra vez tem seu preço: no primeiro ano depois da perda máxima, 10% apresentaram progressão do diabetes, 46% da hipertensão e 26% tiveram aumento dos níveis de colesterol. Nesse período, o declínio das condições físicas ocorreu em 20% dos participantes e piora da saúde mental em 28%. Declararam-se insatisfeitos com o resultado da cirurgia 12%.
Apesar dos pesares, cinco anos depois de atingir o peso mínimo, os participantes ainda continuavam a preservar, em média, 73% do peso perdido. Assim, reduzir as dimensões do estômago através da cirurgia bariátrica não é a solução, mas ajuda aqueles com obesidade grave a melhorar as condições de saúde.
Matéria feita por por Drauzio Varella — publicado 04/11/2018 01h10, última modificação 31/10/2018 10h32
link https://www.cartacapital.com.br/revista/1027/bariatrica-e-solucao-atraente-mas-nao-elimina-obesidade-para-sempre
Ref.: https://www.cartacapital.com.br
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