Postado em 08/08/2021 11:30 - Edição: Marcos Sefrin
Um dos principais sistemas de circulação de águas do planeta encontra-se em seu estado mais fraco em 1,6 mil anos. Segundo cientistas, o fenômeno está ligado ao aquecimento global e pode causar mudanças significativas no clima de diferentes regiões do mundo
(crédito: Jonathan Nackstrand/AFP - 15/8/19)
O principal sistema de circulação do Oceano Atlântico e um importante regulador do clima mundial perdeu quase toda a estabilidade no século passado e pode ter chegada a um limite critico, sem reversão. Um estudo publicado, ontem, na revista Nature Communications indicou que a Circulação de Revolvimento do Atlântico Norte (Amoc, sigla em inglês), da qual participa a corrente do Golfo, está à beira de um colapso devido ao aquecimento do planeta. Os autores alertam que, entre outros impactos, o fenômeno poderia “resfriar substancialmente a Europa”, além de ter graves consequências sobre os sistemas de monções tropicais.
A Amoc consiste na movimentação das águas quentes das zonas tropicais do Atlântico para o Norte, levadas pela corrente do Golfo, aquecendo a Europa ocidental durante a sua passagem. Quando chegam à porção norte do oceano, as águas esfriam, tornam-se mais densas e pesadas e afundam sob os volumes mais quentes antes de retornar para o Sul, onde o ciclo volta a acontecer. “Trata-se de um dos principais sistemas de circulação do planeta”, diz Niklas Boers, um dos autores do estudo e pesquisador do Instituto Postdam para Pesquisa de Impacto Climático, na Alemanha.
Em 2018, duas pesquisas também divulgadas pelo grupo Nature alertaram que o sistema de correntes do Atlântico estava enfraquecido devido ao derretimento de gelo marinho, das geleiras e das plataformas de gelo, que liberam água doce — menos densa que a salgada — no Atlântico Norte. Segundo David Thornalley, pesquisador da Universidade College London, na Inglaterra, e coautor de um dos estudos, “a água doce debilita a Amoc porque impede que as águas estejam bastante densas para afundar”.
Mais recentemente, há quatro meses, uma pesquisa publicada na Nature Geosciences e baseada em simulações de computador com dados do passado da Terra, os chamados registros proxy paleoclimáticos, demonstrou que a corrente se encontra em seu estado mais fraco em 1,6 mil anos. Porém Boers nota que estava em aberto a questão se o enfraquecimento associa-se a uma alteração no estado da circulação ou a uma perda real de estabilidade dinâmica.
“É uma diferença crucial”, diz Niklas Boers, “porque a perda de estabilidade dinâmica implicaria que a Amoc se aproximou de seu limite crítico, além do qual poderia ocorrer uma transição substancial e, na prática, provavelmente irreversível para o modo fraco da corrente”.
Matéria feita por Paloma Oliveto postado em 06/08/2021 06:00
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