Postado em 04/06/2018 20:04 - Edição: Marcos Sefrin
Michel Temer durante sobrevoo do complexo do Porto do Açu (RJ) - Foto: Alan Santos/PR
O empresário Gonçalo Torrealba, do grupo Libra, é chave para as acusações que recaem contra Michel Temer no inquérito que apura esquemas de propina e corrupção envolvendo o Porto de Santos (São Paulo). Á Polícia Federal, o empresário admitiu que o coronel Lima arrecadava dinheiro para as campanhas eleitorais de Temer há mais de 10 anos.
Torrealba foi alvo de um mandado de prisão temporária determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luis Roberto Barroso, durante a Operação Skala. Mas por morar nos Estados Unidos, não foi encontrado pela PF. Posteriormente, o empresário se apresentou e prestou depoimentos, sendo liberado com o compromisso de comparecer quando for chamado.
Após os mandados expedidos no dia 29 de março pelo ministro do Supremo, o empresário passou a ser uma das peças-chave dos investigadores nas acusações que recaem contra Temer. Informando o que sabia à PF, Gonçalo Torrealba é um dos sócios do Grupo Libra, empresa acusada de ter sido favorecida em contratos no Porto do Santos para, em troca, favorecer em esquemas de repasses de propinas.
Às autoridades, desmentiu as declarações do próprio presidente Michel Temer, que havia afirmado que o coronel João Batista Lima Filho, aposentado da Polícia Militar de São Paulo e amigo próximo de Temer, "nunca atuou como arrecadador de recursos", apenas o "auxiliando" em campanhas eleitorais.
"[O empresário afirmou] que conheceu João Baptista Lima Filho, chamado de coronel Lima, quando ele foi coordenador de campanha de Michel Temer a deputado federal há mais de 10 anos, e solicitou colaboração do declarante para doação", é trecho da transcrição da PF sobre o depoimento do empresário.
No dia 3 de abril deste ano foi quando Torrealba compareceu à PF para prestar depoimento. O blog de Andreia Sadi obteve a íntegra da transcrição das autoridades sobre a declaração do empresário.
Gonçalo contou aos investigadores que resolveu não fazer doações a Temer à época, que concorreu a Deputado Federal em 2002 e 2006, porque o grupo Libra e seus sócios, irmãos do empresário, costumavam doar somente para candidaturas majoritárias e a partidos políticos. O cargo que tentava o emedebista era para eleição proporcional, não majoritária.
"[Gonçalo] se encontrou mais algumas vezes com João Baptista até informar definitivamente que não poderia doar para Temer", é a descrição das autoridades. Os encontros, detalhou, ocorriam na sede do grupo Libra, que tem a concessão para atuar no Porto de Santos, contratos que historicamente estão sob a influência e comando do PMDB e de Temer.
O empresário citou diversos episódios de conversas com o governo sobre os interesses da companhia, mas negou que houve irregularidades ou doações por meio de caixa dois, e admitiu que o grupo Libra foi beneficiado pelo decreto dos Portos, investigado no inquérito.
Em um dos episódios, narrou que considerou a entrega de um terminal do grupo Libra para escoamento de soja uma negociação que significaria "condição essencial para efetivação das concessões em 2015". Naquele ano, se reuniu com a então ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann para tratar do tema e que Temer, então vice-presidente, estava na reunião, cumprimentando-o.
Também contou que em 2015 chamou o coronel Lima para fazer a intermediação de uma reunião na Secretaria dos Portos, que o empresário queria que fosse agendada. Disse que o contatou "por considerar que tinha proximidade no governo, incluindo Temer".
Em resposta, o grupo Libra investigado enviou nota pública, afirmando penas que "colabora com Justiça desde o início das investigações e está sempre à disposição das autoridades para os esclarecimentos pertinentes".
Ref.: https://jornalggn.com.br
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