Postado em 27/09/2019 18:12 - Edição: Marcos Sefrin
Quando a maré cai no Parque Nacional Olímpico do Estado de Washington, no extremo oeste dos Estados Unidos, o passatempo favorito é pular de pedra em pedra observando a vida marinha nas poças.
Mas, por um tempo agora, quase não há estrela do mar.
"Não pode ser chamado de outra maneira senão catástrofe", diz Drew Harvell, biólogo da American Cornell University, referindo-se a um dos piores episódios de doenças de espécies marinhas já vistos.
"É impressionante. Milhões de estrelas do mar morreram ”, lamenta.
Nos últimos anos, milhões desses animais perderam os braços em um processo de deterioração que ocorre em apenas alguns dias.
Os cientistas estão estudando a razão pela qual em alguns lugares pelo menos 95% da população desse importante predador desapareceu.
E no ano passado, uma equipe de pesquisadores disse ter encontrado evidências convincentes que apontam para uma infecção por densovírus.
Esse vírus, presente na costa do Pacífico da Califórnia ao Alasca, não é novo, mas os pesquisadores acreditam que o aquecimento das águas oceânicas pode ter facilitado sua virulência.
"Acreditamos que a amplitude (do fenômeno) em nossas águas se deve à temperatura: sabemos que quando as temperaturas são mais altas, as estrelas do mar morrem mais rapidamente", diz Harvell.
"Os oceanos têm estado excepcionalmente quentes nos últimos dois anos ... Esse é o fator que deve ser levado em consideração", diz ela.
Os cientistas tentam entender se o aumento da temperatura afeta a estrela do mar porque a enfraquece, porque torna o vírus mais virulento, porque modifica o ecossistema ou tudo ao mesmo tempo.
Falta de fundos
O desafio dos pesquisadores é coletar a enorme quantidade de dados necessários para entender esse fenômeno.
As estrelas do mar habitam milhares de quilômetros de costa e não há dinheiro suficiente para fazer uma contagem exata e levar todos os parâmetros em consideração.
Mas eles conseguem com o que têm. Eles monitoraram a evolução de muitas estrelas do mar em algumas áreas, observando a temperatura e a composição química da água e recrutando "cientistas cidadãos" para rastrear as estrelas e relatar seu estado de saúde.
"É muito difícil coletar os dados que precisamos em larga escala", explica Melissa Miner, da Universidade da Califórnia, Santa Cruz e um dos responsáveis pela coleta. "Devo ressaltar que não entendemos absolutamente qual é a causa dessa doença", reconhece ele.
Harvell ressalta que nenhuma indústria deu o alarme para esta doença, porque não afeta nenhum animal comestível. "Olhos que não vêem, coração que não sente", diz ele.
Para Denny Heck, membro da Câmara dos Deputados do Estado de Washington, a luta deve ser legislativa. Heck tenta elaborar um texto que permita estabelecer a urgência da situação e abrir caminho para o financiamento para a investigação.
Por enquanto, "quando uma doença como essa causa estragos sob a água, não temos procedimento para detê-la", revela.
Em sua luta, esse parlamentar americano, que afirma que a epidemia poderia afetar o setor pesqueiro e destruir as economias locais, encontrou aliados em todas as costas dos Estados Unidos e em todos os partidos políticos.
"A resposta que nos é dada por aqueles que cuidam de um ambiente marinho limpo e sustentável neste país é encorajadora", diz ele.
Fonte: Descoberta
Publicado em: ANIMAIS
Ref.: http://diarioecologia.com
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