Postado em 15/05/2021 23:50 - Edição: Marcos Sefrin
Junto com o Ford Explorer e os Land Rover Discovery e Range Rover, o Jeep Grand Cherokee foi um dos modelos que ajudaram a popularizar os utilitários como carro de luxo e esporte no início dos anos 90. Além de maior que o Cherokee original (lançado em 1974 e hoje na quinta geração), o nome Grand foi usado para diferenciá-lo no mercado, pois, embora tenha sido criado para sucedê-lo, acabou convivendo com o suposto antecessor até hoje.
Aliás, a primeira geração do Grand Cherokee foi o primeiro Jeep sob a administração da Chrysler. Antes, a divisão de veículos fora de estrada pertencia à AMC. Foi apresentado como conceito em 1989 e a versão definitiva lançada no Salão de Detroit de 1992, chegando ao mercado em abril daquele mesmo ano. Logo se tornou um sucesso.
Conceito do Jeep Grand Cherokee - 1989 |
Aqui no Brasil, o Grand Cherokee chegou em 1994, ainda importado de forma independente, pois havia um imbróglio entre a Chrysler e a Ford pela marca Jeep. É que quando a Ford comprou as operações da Willys em nosso país, em 1967, ela herdou os direitos sobre a marca Jeep e a usou numa versão da picape Pampa, em 1987. Depois de muita negociação, em 1996, o conglomerado da estrela de cinco pontas pôde enfim importar e vender oficialmente seus automóveis no Brasil, inclusive o Grand Cherokee, que já era quase uma unanimidade entre os jogadores de futebol. O utilitário médio de luxo foi reestilizado em 1998, 2004, 2010 e, agora, em 2021. Gerações das quais contarei a história com fotos logo abaixo.
Primeira geração (1992-1998)
O primeiro Jeep Grand Cherokee, conhecido como ZJ (e ZG na Áustria, onde era fabricado para o mercado europeu, pela Magna Steyr, do ex-presidente da Volkswagen Ferdinand Piech) tinha plataforma monobloco. A carroceria media 4,50 metros de comprimento, 1,80 m de largura, 1,72 de altura e 2,69 m de entre-eixos. Tinha quatro versões iniciais: básica (depois SE), Laredo, Limited e Grand Wagoneer Limited, chegando ao Brasil oficialmente somente em 1996, nas duas penúltimas versões. A versão básica era equipada com airbag frontal para o motorista e freios ABS, que os concorrentes Ford Explorer e Chevrolet Blazer não tinham. A versão Laredo tinha grade cromada, vidros e travas elétricos, piloto automático e volante em couro. Já a Limited saía de fábrica com grade na cor da carroceria, detalhes dourados nas rodas e logotipo Jeep, bancos em couro e com ajuste elétrico nos dianteiros, espelhos retrovisores elétricos, chave por controle remoto, partes de imitação de madeira no painel, centro eletrônico de informações, computador de bordo, bússola, ar condicionado digital, retrovisor interno eletrocrômico e som estéreo com CD Player da Jensen com equalizador multibanda. A top Grand Wagoneer trazia som Dolby. Em 1996 chegou o airbag para o passageiro.
A motorização era composta pelo motor de seis cilindros em linha 4.0 de 192 cavalos de potência e torque de 305 Nm para as versões básica e Laredo e um V8 5.2 de 212 cv (aqui no Brasil, pois nos Estados Unidos tinha 223 cv) e 386 Nm para a Limited e a Grand Wagoneer. Em 1995 a potência do seis cilindros foi reduzida para 188 cv e o torque para 298 Nm por causa da redução de emissões de poluentes. No mesmo ano foi lançado o 2.5 turbodiesel com 117 cv e 300 Nm para o mercado europeu. Um ano antes, o V8 aumentou o torque para 407 Nm. No final do ciclo de vida da primeira geração, o V8 passou a ter a cilindrada de 5.9 de 248 cavalos e 468 Nm e o painel interno foi redesenhado. Todos tinham câmbio manual de cinco marcha e a transmissão automática de quatro velocidades era opcional. Havia três sistemas de tração integral: Command-Trac (temporário para uso 4×4 em pisos de baixa aderência), Selec-Trac (temporário com diferencial central para qualquer terreno) e Quadra-Trac (permanente). Versões de entrada tinham tração traseira.
Segunda geração (1998-2004)
Com o código de WJ, a segunda geração do Grand Cherokee ficou com linhas mais arredondadas e painel interno de desenho mais compacto. A versão Limited perdeu os detalhes dourados, ficando apenas com a grade na cor do carro, enquanto a Laredo tinha a frente cromada. O comprimento aumentou 11 cm, passando para 4,61 m, a largura se estendeu a 1,84 m (mais 4 cm), a altura cresceu para 1,76 m (também mais 4 cm), mas a distância entre-eixos foi mantida em 2,69m. Mesmo assim, o espaço interno melhorou. O ar condicionado digital passou a ter duas zonas.
Os motores foram melhorados. O 4.0 do Laredo passou a render 197 cv e 312 Nm de torque. E o V8 do Limited passava a ter 4.7 litros, com 237 cavalos. Inicialmente para o mercado europeu e depois, também para o Brasil, onde chegou em 1999, o motor turbodiesel passou a ser o 3.1 de cinco cilindros de 143 cv.
A tração Command-Trac foi substituída pela Quadra-Drive, Quadra-Trac e a nova Quadra-Drive, que concentrava 100% do torque em uma única roda em situação crítica de aderência. O câmbio automático passou a ter cinco marchas em 2001, mas somente com motor V8.
Em 2002, muitas novidades. Surgiram novas versões de acabamento, como a Sport, Special Edition e Overland, que tinha motor V8 4.7 de 267 cv. Em 2002, o turbodiesel 3.1 foi reduzido para 2.7 e passou a ser produzido pela Mercedes, então sócia da Chrysler, que manteve os cinco cilindros. Mesmo com o downsizing, a potência subiu para 163 cavalos. Antes era produzido pela VM Motori. Entre os equipamentos as novidades foram os airbags de cortina e os pedais ajustáveis.
A segunda geração do Grand Cherokee começou a vir para o Brasil importado da Áustria (onde era conhecido pela sigla WG) somente na versão Limited com motor V8 4.7. Em 2000, a versão Laredo 4.0 chegou da Argentina, mas com 190 cavalos. No ano seguinte, veio a Laredo turbodiesel, ainda 3.1 e somente em 2003 chegou o novo turbodiesel 2.7.
Terceira geração (2004-2010)
A terceira geração, de código WK, voltou a ter linhas mais retas. A frente foi inspirada no jipe Wrangler (versão moderna do jipe Willys) e no Cherokee de segunda geração (Liberty nos Estados Unidos), com a grade um pouco mais alta e os faróis ovais. O comprimento subiu para 4,74 m, a distância entre-eixos para 2,78m e a largura para 1,86 m. Já a altura caiu para 1,72m.
A motorização foi uma das principais evoluções, com um V6 3.7 de 210 cavalos substituindo o de seis cilindros. O V8 4.7 continuou na linha, mas a primeira novidade mesmo foi o V8 Hemi 5.7, de 325 cavalos e 51 kgfm de torque, que desligava metade dos oito cilindros. O turbodiesel também mudou: saiu o 2.7 de cinco cilindros e entrou o V6 3.0 de 215 cv e 52 kgfm, produzido pela Mercedes-Benz.
A tração Quadra Drive foi evoluída e ganhou bloqueio eletrônico do diferencial. O câmbio automático de cinco marchas tornou-se padrão para toda a linha. Controle eletrônico de estabilidade, MP3, Bluetooth, sistema multimídia com tela de 5 polegadas e navegador GPS, rádio por satélite (somente nos Estados Unidos) e DVD para os bancos de trás foram as estreias de equipamentos. O Grand Cherokee WK obteve quatro estrelas pelo Euro NCAP.
Outra novidade mecânica do Grand Cherokee foi o V8 Hemi (com câmaras de combustão hemisféricas, daí o nome) 6.1 de 432 cavalos e 58 kgfm que equipava a versão esportiva SRT-8 (sigla de Street and Racing Technology mais o número de cilindros), criada para concorrer com BMW X5 M, Mercedes ML AMG e Porsche Cayenne. Acelerava até 100 km/h em menos de 5 segundos. Os freios eram da marca italiana Brembo, ostentada nas pinças atrás das rodas de 20 polegadas.
No Brasil, a terceira geração chegou em 2005, importada da Áustria (já que a Argentina parou de produzir o modelo) e a versão diesel, chamada Limited CRD em 2009, quando o Grand Cherokee ganhou leves mudanças visuais na frente (os faróis perderam o aplique na base que dava a impressão de mistura entre o oval e o retangular, mas ganharam luzes de xenônio autodirecionais) e no interior, mudando ligeiramente o desenho do painel, além de um incremento de potência nos motores V8 (305 cv para o 4.7 e 357 cv no 5.7) e controle de estabilidade de reboque.
Quarta geração (2010-2020)
O quarto Grand Cherokee (código WK2) ficou menos reto, mas não tão arredondado quanto a segunda geração. Foi o único das suas cinco gerações a usar a plataforma da Mercedes, no caso, o ML (que hoje se chama GLE), mesmo com a parceria já rompida em 2007. A grade voltou a ser mais baixa e os faróis retomaram a posição totalmente retangular e horizontal, mas agora desalinhada com a entrada de ar. Na traseira, as lanternas, pela primeira vez, passaram a ser horizontais.
O painel manteve as linhas verticais, inclusive nos difusores centrais de ar (uma moda na época) cercando a tela multimídia da geração anterior, mas os instrumentos, ainda analógicos, passaram a ser individuais (outra tendência). Cada vez maior (4,82 m de comprimento, 1,94 m de largura e 1,76 m de altura) e mais espaçoso (entre-eixos subiu para 2,92 m), ganhou equipamentos como teto solar panorâmico, ajuste elétrico do volante, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, câmera de ré, ajuste elétrico da reclinação do encosto do banco traseiro, partida remota, partida por botão e porta traseira elétrica.
Na motorização, a novidade foi o V6 Pentastar de 3.6 litros, de 24 válvulas, feito de alumínio, com variador de tempo, que rendia 286 cv e 36 kgfm. O V8 Hemi 5,7 litros subiu para 360 cv e 53 kgfm. Já a potência do V6 turbodiesel 3.0 litros, que voltou a ser produzido pela VM Motori (agora em parceria com a Fiat), caiu para 190 cv. A suspensão passou a ser independente e pneumática nas quatro rodas, com cinco posições de altura. A tração integral continuou tendo vários tipos, como Quadra-Trac I, Quadra-Trac II e Quadra-Drive II, que ganhou o sistema de seleção de terreno (Select Terrain) para andar em neve, areia ou lama e pedra, além das funções automática e Sport. O câmbio básico continuou sendo o automático de cinco marchas, mas versões intermediárias e completas ganharam mais uma velocidade, chegando a seis. Em 2011 foi lançada a segunda geração do SRT-8, agora com um V8 de 6.4 litros, 472 cavalos e torque de 64,3 kgfm. Também tinha comandos no volante para trocas de marcha, tração integral aprimorada, rodas de 20 pol e suspensão mais baixa e firme com controle eletrônico.
Em 2014, o Jeep Grand Cherokee ganhou a reestilização de meia vida mais vistosa dentro de uma geração em comparação com as imperceptíveis mudanças adotadas nas gerações anteriores. Inspirada na versão esportiva SRT-8, a base dos faróis continuou num nível acima da grade, mas desta vez, tornou-se ondulada. O conjunto ótico passou a ser emoldurado por luzes diurnas de LED e formado por lâmpadas de xenônio. A grade, antes totalmente cromada, passou a ser na cor da carroceria, mas com cromos apenas nas molduras das sete fendas e integrada ao para-choque também redesenhado. Atrás, o prolongamento das lanternas mudou ligeiramente de formato, passando de trapezoidal para um formato de seta.
Por dentro, ganhou um novo volante, o desenho do painel mudou ligeiramente e o quadro de instrumentos passou a ser eletrônico, como em vários modelos atuais. Ele ganhou equipamentos como áudio UConnect com tela de 8,4 polegadas com comando de voz e pareável com Android e Apple, assistente de partida em rampa, assistência adicional em frenagens de emergência, airbags para os joelhos do motorista), apoios de cabeça ativos na frente, alertas para veículo em ponto cego nas laterais.
Na mecânica, o motor turbodiesel V6 passou a ter a opção de 243 cavalos. O câmbio automático passou a ter oito marchas. Surgiram novas versões como a Altitude, Trailhawk e Trackhawk, que em 2017 substituiu a SRT-8 com um motor V8 6.2 com compressor que rendia impressionantes 716 cavalos e 89,2 kgfm. É até hoje o SUV de série mais potente do mundo. E também o mais rápido: acelera de 0 a 96 km/h em 3,5 segundos. Rodas de alumínio forjado, assistente de largada rápida e novas funções na tela do painel para parâmetros de desempenho faziam parte da lista de equipamentos. Diferente das outras versões, a grade era preta e separada do para-choque.
Em 2016, foi lançada aqui no Brasil a série especial de 75 anos da Jeep, baseada na Limited e limitada a 10 anos. Atualmente, o Jeep Grand Cherokee está à venda no Brasil apenas na versão Limited com motor V6 Turbodiesel. Custa R$ 334.900.
Quinta geração (2021)
Recém-lançada, sem ainda ter chegado ao mercado norte-americano, o quinto Jeep Grand Cherokee (WL) já chegou aos 5,20 metros de comprimento e entre-eixos de 3,09 m. Mas estas medidas se referem à inédita versão alongada L, de seis ou sete lugares. Ainda não foram divulgadas medidas da versão comum, de cinco lugares. Mas a largura de 1,96 m e a altura de 1,81 m devem ser comuns. O estilo da nova geração, agora lançado sob gestão da Stellantis (conglomerado entre Fiat, Chrysler, Peugeot e Citroën), mistura traços do novo Wagoneer com o Compass, fabricado no Brasil.
O interior ganhou painel com acabamento de couro e madeira, com tela multimídia (com sistema Alexa da Amazon) de 10,1 polegadas flutuado entre o console e as saídas horizontais de ar. O quadro de instrumentos também é eletrônico. Há doze entradas USB (entre a comum e a C) espalhadas pelo amplo habitáculo.
O Jeep Grand Cherokee de quinta geração terá equipamentos como conexão 4G nativa, atualizações via nuvem (nas duas gerações anteriores o multimídia tinha memória de 30GB), frenagem autônoma de emergência, assistência de visão noturna, câmera de 360 graus, abertura da tampa do porta-malas por gestos, assentos da primeira e segunda filas aquecidos e ventilados, iluminação ambiente de cinco cores, som de 19 alto-falantes da McIntosh, teto solar simples ou duplo (dependendo do pacote), câmera para vigiar crianças na segunda ou terceira fileira, dois carregadores de smartphone por indução e recursos de assistência à condução, como a união do controle de cruzeiro adaptativo com o assistente de manutenção de faixa com correção ativa do volante, o que garante que o carro ande praticamente sozinho. Este sistema ainda não é permitido na Europa, mas liberado nos Estados Unidos.
O novo Grand Cherokee terá dois motores a gasolina: um V6 3.6 de 294 cv e 35,5 kgfm de torque e um V8 Hemi 5.7 de de 362 cv e 53,9 kgfm, ambas com câmbio automático de oito marchas. Ainda não foram divulgadas informações sobre o diesel e a inédita versão híbrida.
A tração é integral e tem três tipos: Quadra-Trac I, Quadra-Trac II e Quadra-Drive II. As duas últimas têm redutora e a Quadra-Drive II bloqueio eletrônico de diferencial traseiro. Todas têm o sistema Selec-Terrain, que ajusta o funcionamento do motor, câmbio, tração e freios de acordo com o programa de condução selecionado (Auto, Sport, Pedra, Neve e Lama/Areia).
A suspensão é independente e pode ser adaptativa a ar. Chamada Quadra-Lift, a dureza dos amortecedores se regula electrônicamente. Com a suspensão pneumática, a altura livre do solo vai até 27,2 cm. Os ângulos são de 30,1, 22,6 e 23,6º (entrada, central e saída, respectivamente). Existe outra opção — Pacote Off-Road — com melhoras para uma condução fora do asfalto (rodas de 18", pneus M+S e protetor do cárter).
Ainda não está prevista a vinda do novo Grand Cherokee ao Brasil.
TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
Ref.: https://novoguscar.blogspot.com/
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