Postado em 19/09/2018 10:35 - Edição: Marcos Sefrin
Filósofo esteve em São Paulo e falou sobre papel da imprensa na democracia da atualidade em conversa com jornalistas da mídia alternativa; governos de esquerda são responsáveis por “abertura” na imprensa, segundo pesquisador
O filósofo e linguista norte-americano Noam Chomsky disse, nesta segunda-feira (17/09), que considera a mídia hegemônica da atualidade “dominada por ricos que querem que certas idéias não sejam expressas”, usando conceitos do escritor britânico George Orwell para dirigir críticas ao papel da imprensa na democracia atual. Ele se encontrou em São Paulo com representantes da mídia alternativa no Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé.
"Quem tem boa educação sabe que há certas coisas que não devem ser ditas", disse, explicando que esse seria um dos "lados extremos" de se enxergar o atuação da mídia. Segundo ele, o mundo de hoje vive um "senso comum internalizado".
Para Chomsky, isso se reflete na imprensa da América Latina, a qual afirma ser “tradicionalmente de direita” e com “pouco espaço” para divergências. Segundo o filósofo, o momento vivido pelo continente é influenciado pela "trajetória política do século vinte", em especial pela “série de regimes ditatoriais”, desencadeadas por influências dos Estados Unidos, que detinham “o poder militar” para agir em todo o continente.
Mesmo com esse retrospecto, o professor falou que a onda "de governos de esquerda e centro-esquerda, que estiverem no poder latino nas últimas décadas, foi responsável por uma postura de abertura em relação à imprensa”, completou.
A contribuição de governos progressistas na atividade midiática, porém, é vista como uma contradição pelo linguista, já que os veículos que encontraram abertura agiam como opositores “sistemáticos” aos próprios governos. Essa desconexão, segundo Chomsky, não seria possível em países que se consideram “livres”.
Brasil e Lula
O ativista norte-americano falou sobre o ex-presidente do Brasil, citando a decisão da Corte de Direitos Humanos da ONU, que defende a candidatura de Lula. Chomsky chamou o órgão de “força independente”, dizendo que é preciso que “países cumpram as determinações” feitas para que casos, como o de Lula, sejam considerados.
O pesquisador também mencionou que o Brasil viveu um "protagonismo mundial" durante os governos do petista. A posição, entretanto, se encerrou à medida que os "mandatos chegaram ao fim", mas é possível que “aconteça novamente”.
Venezuela
Ao falar sobre a relação entre a imprensa e a transparência de opiniões na Venezuela, o acadêmico citou o exemplo de uma pesquisa realizada pela empresa chilena de análise de opinião Latinobarómetro, que investigou o nível de satisfação e confiança dos venezuelanos em relação ao governo Chávez, no início dos anos 2000.
Após constatarem que o nível de confiança era um dos maiores do continente, juntamente ao do Uruguai, segundo Chomsky, houve uma total “reinterpretação por parte de intelectuais” críticos ao governo, levando o país a uma “contradição que nunca veio à luz”.
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