Postado em 01/05/2019 09:11 - Edição: Marcos Sefrin
Antes, decisão de enxugar o orçamento de federais por critério exclusivamente ideológico estava restrita a 3 instituições.
Agora, Weintraub estende o corte para todo o ensino superior público
Foto original: Agência Brasil
Depois de ser criticado por cortar 30% do orçamento de algumas universidades federais (entre elas, a Universidade de Brasília e a Universidade Federal Fluminense), usando critérios exclusivamente ideológicos (eventos e manifestações críticas a Jair Bolsonaro), o Ministério da Educação sob Abraham Weintraub estendeu o contingenciamento de verbas para todas as universidades federais. A decisão foi divulgada na noite de terça (30).
Um dia antes, Weintraub havia dito que o corte se daria em cima de universidades que fazem “balbúrdia” e “eventos ridículos”. Segundo ele, a “bagunça” envolve “presença de sem-terra e gente pelada dentro do campus”, e acrescentou que para as instituições permitirem isso, é porque “deve estar com sobra de dinheiro”.
Na tentativa de amenizar as críticas, o ministro afirmara que o corte estava relacionado aos “resultados acadêmicos”, mas a imprensa mostrou que as instituições afetadas – além de UnB e UFF, a Universidade Federal da Bahia também foi uma das primeiras a sofrer o corte – estavam na lista de mais bem avaliadas no Brasil e no mundo.
BOLSAS DE PESQUISA
Segundo o Painel da Folha desta quarta, 1º de maio, o corte de 30% – que atinge despesas das universidades com luz, água e outros itens que mantêm a qualidade do ambiente para alunos e profissionais – Weintraub também estuda reduzir a verba destinada a bolsas de estudo. O critério: podar projetos que ele considerar com “viés ideológico”.
Ainda segundo a coluna da Folha, na visão do presidente Jair Bolsonaro, o MEC deslanchou, enfim. “Bolsonaro elogiou Weintraub. Disse que o anterior, Ricardo Vélez, tinha boas ideias, mas não conseguia executá-las. O atual, além de ser ideologicamente alinhado ao presidente, teria força de gestão.”
ESCOLHIDAS A DEDO
Em entrevista à revista Época, a professora, antropóloga e pesquisadora Débora Diniz – que dava aulas na UnB, mas teve de deixar o País por causa de ameaças sofridas por apoiadores de Bolsonaro – afirmou que as universidades escolhidas inicialmente por Weintraub para servirem de exemplo no ataque estão entre as que mais produzem pensamento crítico ao governo. Não foi, portanto, uma seleção aleatória, mas um recado para a academia.
Para Diniz, contudo, a iniciativa não deverá amedrontar professores e alunos. Ao contrário disso, deve agitar a comunidade acadêmica e incentivá-la a defender com mais vigor a liberdade de cátedra e de livre manifestação.
NÚMEROS
De acordo com informações da Folha, “todas as universidades federais já enfrentam contingenciamentos de 20% dos recursos previstos para este semestre. Cortes no orçamento do MEC fazem parte de um grande contingenciamento anunciado pelo governo, de R$ 30 bilhões. Do total, R$ 5,8 bilhões são da Educação.”
Ref.: https://jornalggn.com.br
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