Postado em 24/07/2022 14:04 - Edição: Marcos Sefrin
Francisco escreveu uma carta aos participantes da Conferência Europeia da Juventude e os exortou a “romper essa tendência autodestrutiva”.
Embora em fevereiro passado, convidado de Fabio Fazio ao programa “Che tempo che fa”, ele tenha revelado que, quando criança, sonhava em ser açougueiro – não pela carne, mas pela bolsa onde o homem guardava o dinheiro, apoiada sobre a barriga –, o Papa Francisco sabe que consumir carne demais prejudica o clima.
Em uma carta enviada recentemente aos participantes da Conferência Europeia da Juventude em Praga, ele exortou a “romper essa tendência autodestrutiva” do consumismo e a dar prioridade à sustentabilidade.
“É urgente – continuou – reduzir o consumo não só de combustíveis fósseis, mas também de muitas coisas supérfluas; e além disso, em algumas regiões do mundo, è coveniente consumir menos carne, pois isso também pode ajudar a salvar o ambiente.”
Sobre o clima, Francisco passou por uma verdadeira conversão. Em 2007, na Conferência do Episcopado Latino-Americano no Brasil, em Aparecida, ele fazia parte do grupo de redação do documento final. As propostas sobre a Amazônia chegavam. E ele dizia: “Mas esses brasileiros, como são cansativos sobre essa Amazônia! O que a Amazônia tem a ver com a evangelização?”.
Depois, uma conversão que o levou a escrever a Laudato si’, até hoje o texto programático mais importante do seu pontificado. Nele, Bergoglio lamenta a degradação ambiental e o aquecimento global. E convida todos os povos do mundo a fazerem “uma ação global rápida e unificada”. Também devido àquela “ecologia integral” posta por escrito na página da encíclica, ele recebeu o título de “Pessoa do Ano” da People for the Ethical Treatment of Animals (Peta).
Na Laudato si’, o papa falou várias vezes dos animais. Recordando em particular que “anualmente desaparecem milhares de espécies vegetais e animais, que já não poderemos conhecer, que os nossos filhos não poderão ver, perdidas para sempre”. E ainda: “A grande maioria delas extingue-se por razões que têm a ver com alguma atividade humana. Por nossa causa, milhares de espécies já não darão glória a Deus com a sua existência, nem poderão comunicar-nos a sua própria mensagem. Não temos direito de o fazer” [n. 33]. Depois, talvez as palavras mais duras: “É contrário à dignidade humana fazer sofrer inutilmente os animais e dispor indiscriminadamente das suas vidas” [n. 130].
Por ocasião da COP-26 e da quinta visita a Assis, em 2021, uma das maiores associações não governamentais dos Estados Unidos convidou Francisco a deixar de comer carne à mesa. E, mesmo que o papa não tenha respondido, a carta aos participantes da Conferência Europeia da Juventude em Praga testemunha a sua sensibilidade a esse respeito.
Francisco, no entanto, não é vegano. Embora a sua dieta seja muito sóbria, caracterizada principalmente por massa ou arroz branco, muita fruta e verduras frescas da época e azeite de oliva. Apenas uma vez por semana, ele come peixe e carne branca, um pouco de vinho e nada de doces. Há algum tempo, o papa sofre de dor ciática e consequente inflamação de um joelho.
Por isso, os médicos o aconselharam a perder alguns quilos. Somente uma dieta rigorosa poderá impedi-lo de passar por uma operação cirúrgica que até hoje ele quis adiar de todas as formas.
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada em La Repubblica, 22-07-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Ref.: https://www.ihu.unisinos.br/
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