Postado em 13/09/2018 10:52 - Edição: Marcos Sefrin
Essa pergunta surge para nós, uma vez que estamos num mundo que corre muito. Estamos atirados de um lado para o outro em meio ao turbilhão de correrias, que caracterizam a sociedade do nosso tempo. Ao falarmos de pressa lembramos da celebre frase: “tempo é dinheiro”. Parece que essa frase faz com que a humanidade viva uma patologia. Essa doença é precisamente a pressa. Ela acompanha o nosso ritmo diário. Quem nunca se viu apressado nesse mundo? Já de manhã cedo acordamos com os despertadores, com as suas melodias que nos despertam abruptamente e nos fazem iniciar o ritmo do dia. Tomamos nosso café da manhã às pressas. Os pais precisam apressar os filhos para que se arrumem e não cheguem atrasados na escola. Precisamos cuidar do relógio, por que o trabalho nos espera e precisamos nos apressar para chegar no horário. Se utilizamos o transporte público, como ônibus, trem ou metrô, um engarrafamento atrasa o horário e nos tira o equilíbrio, a serenidade e a paz. Perdemos a paz por que estamos como pressa. Almoçamos de olho nos ponteiros do relógio, engolimos a comida de supetão, nem sempre mastigamos direito, tudo porque o dever nos chama. Nesse intervalo para o almoço, ainda precisamos deixar em dia telefonemas e redes sociais. Todos os minutos são ocupados. Andamos num ritmo frenético pelas calçadas, sempre olhando para os ponteiros do relógio. O ritmo das pessoas caminhando nas cidades, as buzinas dos carros, mostra que estamos atrasados e impacientes.
O fruto disso é uma alma fragmentada. Surge aquela sensação ruim de que somos incompletos, insuficientes. Acabamos por mergulhar em um poço sem fundo de frustração e apatia. Temos a impressão de que mesmo com todo o nosso corre-corre, nunca há tempo suficiente para fazermos tudo que temos que fazer no dia.
A pressa também nos conduz à superficialidade nos relacionamentos interpessoais. Encontramos muita gente, mas mantemos vínculos com poucas pessoas. Temos pouco tempo em decorrência das nossas agendas lotadas. Acabamos tendo poucas amizades reais, porém muitas virtuais. Muitos se relacionam mais com monitores de computador, tablets ou celulares. Amigos, parentes, rostos próximos parecem ficar mais distantes.
Outro malefício dessa pressa é a distração ou a falta de foco. Por vezes, vivemos distraídos, em um planeta belo, de riquezas, de detalhes abundantes, mas não apreciamos essas belezas. A natureza é uma verdadeira poesia dada pelo coração amoroso de Deus. Estamos cercados de glória e bondade, no entanto andamos apressados, tão apressados que simplesmente não mais paramos para contemplar as belezas da criação, os pequenos milagres do cotidiano.
O que Deus deseja é que nós vivamos bem, tenhamos vida plena. Para isso, dentre tantas outras coisas, precisamos ter tempo para nós, para os outros e para Deus. Será que precisamos viver com toda essa pressa?
Padre Ezequiel Dal Pozzo - contato@padreezequiel.com.br
Ref.: Jornal Mercadão
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