Postado em 02/10/2018 13:42 - Edição: Marcos Sefrin
Privatização da Linha Prata é um negócio de ocasião
Após as constantes paralisações das obras e desistências das empreiteiras na construção da Linha 4-Amarela do metrô, que hoje é operado pela iniciativa privada sem várias estações,
o governo do Estado de São Paulo arranjou um novo jeito para privatizar a Linha 15-Prata.
O modelo, lançado ainda durante a gestão do governador Alckmin neste ano, se revela um negócio de ocasião para quem arrematar essa linha, mas traz enorme prejuízo aos cofres públicos, uma afronta ao interesse público.
Conhecida como monotrilho, essa linha foi projetada da Vila Prudente até Cidade Tiradentes, no extremo leste.
Ela merece algumas ponderações.
Embora não esteja completo para funcionar, o monotrilho é considerado por especialista da área como fiasco tecnológico, se comparado aos benefícios de uma linha convencional do metrô.
Cada composição do monotrilho com sete vagões tem capacidade para transportar 1.000 passageiros, enquanto o metrô da Linha Amarela carrega até 2 mil pessoas.
Deslocando-se por um trilho central com pneus de borracha, o sistema é de média capacidade e tem estabilidade reduzida.
O projeto original do monotrilho tinha previsão de 19 estações, mas foi enxugado.
As oito estações além de São Mateus na direção de Cidade Tiradentes não serão mais construídas, prejudicando uma região de alta densidade populacional com os seus 340 mil habitantes.
Atualmente, o monotrilho opera integralmente com apenas duas estações: Vila Prudente e Oratório.
Outras cinco paradas na Avenida Anhaia Mello foram entregues às pressas por Alckmin antes de sair do governo e funcionam de forma parcial com horários reduzidos.
E as demais estações ao longo da Avenida Sapopemba até São Mateus, agora destino final, estão com obras quase parando.
A questão mais grave, porém, são os recursos empregados na obra, que começou em 2009.
O governo do Estado investiu R$ 3,5 bilhões e vai precisar injetar mais R$ 1,7 bilhão para conseguir entregar a obra até São Mateus, o novo local prometido.
Mas o pior ainda está por vir.
No processo de privatização anunciado em edital, o monotrilho Linha Prata será passado às mãos da iniciativa privada para exploração comercial pela bagatela de R$ 153,3 milhões (lance mínimo) com rentabilidade garantida de R$ 4,5 bilhões por 20 anos.
A venda deve ocorrer por 3% do valor gasto na construção, cifra irrisória do investimento de recursos públicos e que agora é oferecido para o futuro operador da linha.
Esse é o estado mínimo tucano em São Paulo. Um negócio de pai para filho.
Ref.: https://www.viomundo.com.br/
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