Postado em 03/01/2020 17:52 - Edição: Marcos Sefrin
Fobias foram descritas ao longo da história como medos 'irracionais e doentios'
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A sua respiração acelera, seu coração bate mais rápido, você transpira, seus músculos tensionam... O que acontece no seu organismo quando você tem uma reação fóbica?
No cérebro, a amígdala reconhece uma situação como perigosa.
O hipotálamo desencadeia sua resposta de luta ou fuga.
E o hipocampo registra o seu medo, para lembrá-lo da próxima vez que enfrentar algo semelhante.
Há mais glicose no sangue, o que aumenta sua energia.
Na maioria dos casos, o córtex pré-frontal, a parte racional e exclusivamente humana do cérebro, pode acalmar a amígdala.
Mas se você tem uma fobia, esse processo não funciona muito bem e seu cérebro fica preso no modo de ataque/defesa.
De onde vêm as fobias?
A primeira fobia registrada foi sentida por um homem que ficava aterrorizado com a música de uma flauta, mas apenas se ele a ouvisse à noite.
Ela foi descrita há 2.500 anos pelo grego Hipócrates, o "pai da medicina". Ele não usava, ainda, a palavra "fobia" — isso aconteceu 500 anos depois, quando o autor romano Celso a usou em 30 d.C.
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Phobos, a personificação do pânico, juntamente com seu irmão Deimos, a personificação do terror, acompanharam seu pai Ares, deus da guerra, à batalha
Ele descreveu a hidrofobia como "uma doença muito infeliz na qual a pessoa doente é atormentada ao mesmo tempo pela sede e medo da água, e para a qual há pouca esperança".
Embora Celso, como outros autores clássicos, soubessem que a hidrofobia e a raiva estavam relacionadas, eles usaram o termo "raiva" para a doença que atacava os animais, enquanto a hidrofobia era o nome da versão humana da doença.
Hoje, a hidrofobia — o medo de água — é usada no contexto da doença da raiva, pois é um sintoma característico daqueles que sofrem dela.
O medo irracional e doentio da água ou da natação é chamado de aquafobia.
Celso pegou a palavra fobia do deus grego Fobos, que era tão assustador que os guerreiros o pintavam nos escudos para amedrontar seus inimigos.
Medo + desejo = fobia
Um dos casos mais famosos da psicanálise é o que Sigmund Freud descreveu em Análise da Fobia de Uma Criança de Cinco Anos, em 1909.
O garoto, conhecido como O Pequeno Hans, testemunhou aos 4 anos de idade um evento que o aterrorizou quando ele estava em um parque com uma empregada da família.
Mais tarde soube-se que O Pequeno Hans, aqui no colo de Freud, era Herbert Graf (1903-1973), que mais tarde se tornou um produtor de ópera
Uma carruagem puxando uma carga pesada desabou.
Isso o levou a ter medo de sair de casa, centrado no terror a cavalos — a equinofobia — e a cargas pesadas.
Para Freud, era um medo inconsciente de seu pai e relacionado a sentimentos sexuais por sua mãe.
Psicanalistas modernos ainda acreditam que as fobias podem ser causadas por conflitos internos como esse.
Mesas não tão planas
Outra teoria é de que pelo menos alguns medos são inatos. A ideia central é que o medo nos deu uma vantagem evolutiva.
Em um estudo que parece corroborar essa teoria, os pesquisadores mostraram imagens de aranhas e cobras a bebês pequenos e descobriram que suas pupilas estavam dilatando — um sinal de medo ou de intensa concentração.
Cerca de 5% das pessoas têm essas fobias.
E talvez o mesmo mecanismo tenha nos deixado outras fobias comuns, como medo de altura, escuridão, espaços confinados, todos perigosos quando estávamos evoluindo.
Sem raízes
Desde a época do Pequeno Hans, um grande número de fobias foram detectadas e nomeadas, desde iatrofobia (medo de médicos), pogonofobia (de barbas) e até deipnofobia (o medo irracional e patológico de interagir com outras pessoas durante uma refeição).
E embora possamos não conhecer a causa principal das fobias, sabemos como elas se desenvolvem.
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O termo pogonofobia é usado desde 1851 para descrever um medo persistente, desproporcional e irracional em relação às barbas
Você pode ter uma fobia vendo o medo de outras pessoas.
Uma fobia também pode ser adquirida pelo aprendizado: saber mais sobre germes, por exemplo, pode levar à bacilofobia.
Ou você pode desenvolver uma fobia depois de ter uma experiência traumática, especialmente na infância.
Curiosamente, as fobias comuns são muito semelhantes em todas as culturas. Mas uma das poucas culturalmente específicas é a taijin kyofusho, a fobia japonesa de envergonhar outras pessoas.
Simples e complexas
Todas as fobias que mencionamos são classificadas como fobias simples, ou seja, elas são medos de coisas específicas.
Mas existem duas fobias complexas.
A fobia social é desencadeada por estar perto de pessoas desconhecidas e a agorafobia por estar fora de casa, especialmente em um local sem rotas de fuga.
Embora essas sejam condições graves, elas podem ser tratadas com terapia e medicamentos.
Fobias simples, apesar do sofrimento que causam, são mais fáceis de tratar.
Muitos médicos recomendam a terapia cognitiva-comportamental, com um terapeuta que ajude a se acostumar gradualmente ao que causa terror.
Então, se uma fobia o incomoda, você pode ir ao médico... A menos que você seja iatrofóbico, é claro.
Ref.: https://www.bbc.com/portuguese/
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