Postado em 04/08/2019 10:41 - Edição: Bruno Wisniewski
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O mundo está ficando mais quente. Julho de 2019 deve ser o mês mais quente da história – e as temperaturas em julho em quase todos os lugares da Terra foram mais altas nos últimos 10 anos em comparação com os anos 1880-1900, como mostra o mapa.
Gire o mapa
Cientistas alertam que o aumento da temperatura global tem que ser limitado a 1,5 °C para evitar os efeitos mais devastadores das mudanças climáticas. As temperaturas registradas em 1850-1900, antes da industrialização em massa, são usadas como base de comparação.
A Terra já esquentou 1°C desde então.
Não parece muito, mas se nada for feito para limitar o aquecimento, o planeta pode enfrentar uma 'catástrofe', segundo o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), ligado à ONU.
O aumento no nível dos oceanos pode deixar centenas de milhares de pessoas desabrigadas. Eventos climáticos extremos, como secas, ondas de calor e tempestades também serão mais frequentes. O cultivo de alimentos como arroz, milho e trigo pode ser ameaçado.
Se o aquecimento global continuar no ritmo atual, as temperaturas devem subir entre 3°C e 5°C até o fim deste século.
Confira quanto a temperatura já subiu na região próxima à sua cidade – e o que vem pela frente.
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Três exemplos do impacto do aquecimento
Nova York Estados Unidos
Com uma população de mais de 8 milhões de pessoas, Nova York é uma das maiores cidades do mundo. Mas, por causa de sua localização na costa, a cidade está vulnerável a enchentes e tempestades, como as que acompanharam o furacão Sandy de outubro a novembro de 2012. As estações de metrô ficaram submersas, assim como os túneis que dão acesso à ilha de Manhattan. Houve corte de energia e mais de 50 pessoas morreram.
Furacões mais intensos devem acontecer com mais frequência devido ao aquecimento global. Isso pode aumentar o nível dos oceanos. Por ser uma cidade costeira, com um litoral de 1,5 mil km, Nova York está extremamente vulnerável a esses eventos climáticos. A Defesa Civil dos EUA estima que, no metade deste século, 25% da cidade – que abriga 1 milhão de pessoas – estará coberta de água.
Ártico
O Ártico é muito sensível aos efeitos das mudanças climáticas e está esquentando duas vezes mais rápido do que o resto do mundo. A região é vista como um alerta do que está por vir em termos do impacto do aquecimento global.
Como outras regiões do mundo, o Ártico vem registrando um aumento nas temperaturas do ar e da água. O Oceano Ártico está coberto por gelo que derrete no verão e congela novamente no inverno. Nas últimas décadas, esse gelo está derretendo mais rápido do que congela no inverno, ocupando cada vez menos espaço. Isso vem contribuindo para a forte mudança de temperatura na região quando comparada ao resto do mundo.
Jacarta Indonésia
A capital da Indonésia, que abriga 10 milhões de pessoas, é uma das cidades que submergem mais rápido no mundo. A parte norte da cidade está submergindo a uma taxa de 25 cm ao ano em algumas áreas. Esse ritmo dramático se deve à combinação da extração de água do lençol freático, que provoca subsidência, e elevação do nível do mar, provocada pelo aquecimento global. Uma barreira de 32 km e 17 ilhas artificiais estão sendo construídas para proteger a cidade a um custo de R$ 150 bilhões.
Mas especialistas dizem que esta é uma medida provisória. Eles argumentam que a extração de água do lençol freático precisa ser interrompida até 2050. Segundo esses especialistas, a cidade precisa encontrar outras fontes. Mas o aumento do nível dos oceanos deve representar um desafio, assim como para outras cidades do mundo. Essa elevação se deve à expansão térmica – a água se expande porque fica mais quente – e ao derretimento do gelo polar.
Metodologia
Por que minha cidade não aparece nos dados?
Selecionamos as 1 mil cidades com as maiores populações do mundo, e depois cortamos algumas para não ter mais do que 40 cidades por país. Depois adicionamos as capitais dos Estados brasileiros que não estavam na lista.
O que mostra o mapa?
O mapa mostra o quanto as temperaturas de julho aumentaram em graus Celsius entre a base de referência de 1880-1900 até hoje, sendo que os dados atuais representam uma média de 10 anos de 2008-2018. Os dados são armazenados em grades de 1 grau de latitude por 1 grau de longitude, correspondendo a uma área de aproximadamente 100 x 100 km.
Porque há uma área mais fria sobre a Sibéria no mapa?
O mapa está mostrando a mudança nas temperaturas médias para julho. Isso significa que os dados são um pouco diferentes do que seriam, se usássemos a mudança na média anual. Além disso, pode haver alguma variação natural porque são temperaturas de julho dos 10 anos mais recentes. Por exemplo, a Sibéria teve um resfriamento no verão em anos recentes, em comparação com a base usada, de 1880-1900. Temperaturas anuais aumentaram em todos os lugares no período, mas há ainda mais aquecimento perto do Ártico.
Qual é a área coberta pela temperatura da minha cidade?
Os dados de temperatura para cada cidade não são baseados em uma estação meteorológica específica, mas na temperatura média em blocos que correspondem a uma área de 100 km x 100 km, como mencionado acima. Isso significa que os dados são armazenados em quadrados para diferentes partes da Terra. Para obter os dados de uma cidade específica, selecionamos o ponto central de cada cidade e localizamos em que ela se encontra. Dessa forma, os dados de temperatura da cidade se referem àquele bloco. Assim, duas cidades cujos pontos centrais estejam no mesmo bloco apresentam os mesmos dados.
De onde vêm os dados de temperatura da minha cidade?
Para temperaturas passadas, usamos dados de anomalia de temperatura mensais da Berkeley Earth, uma base de dados de temperatura da superfície global. Os dados são baseados em observações de 30 mil estações metereológicas terrestres, e foram ajustados para corrigir desvios como os gerados por calor urbano.
As anomalias de temperatura não mostram temperaturas, mas sim a diferença de uma linha de base (um estado climatológico médio). Para transformá-las em temperaturas reais, as substituímos com os valores de 1981 a 2010 como base e adicionamos as anomalias de temperatura aos dados mensais de temperatura observados para cada mês (1981 a 2010), que vieram da ERA-Interim, um conjunto atmosférico global de dados de reanálise para melhorar a precisão.
Para projeções futuras de temperatura, usamos os dados de temperatura projetados mensalmente, especificamente a média de multi-modelo CMIP5, até obter os dados mensais de cada mês até 2100 em cada uma das quatro diferentes rotas ou cenários de RCP. O cenário mais provável do nosso planeta vai depender da quantidade de emissões de gases de efeito estufa liberados.
Calculamos a média móvel de 10 anos em janeiro e julho para as temperaturas observadas em cada ano, de 1900 até hoje, e para as temperaturas projetadas até o final deste século, 2100.
A mudança na temperatura média de janeiro e julho para cada possível projeção futura é calculada em relação à temperatura de referência em janeiro e julho de 1880-1900.
Os meses de julho e janeiro foram escolhidos porque representam, o pico do verão no hemisfério norte e do inverno no hemisfério sul.
Qual a precisão dessas temperaturas?
Tanto as temperaturas de hoje quanto as projeções para o futuro estão sujeitas a algum nível de incerteza.
A cobertura incompleta das medições significa que para alguns lugares as estimativas foram colhidas de estações próximas.
Projeções futuras contém incertezas significativas, especialmente quando se trata da sensibilidade do clima da Terra ao aumento de CO2 na atmosfera.
Estamos apenas mostrando os valores médios. Os modelos do IPCC usam estimativas de sensibilidade climática entre 2,1°C e 4,7°C para o dobro dos níveis de CO2, em comparação com níveis pré-industriais, com uma média de 3,1°C.
Modelos individuais para o futuro também mostram bastante variação ano a ano. Essa variação de curto prazo não aparece no nosso mapa, que usa médias de diversos modelos.
Por que a temperatura de 2018 não coincide com os dados do Met Office (departamento de meteorologia do Reino Unido)?
As temperaturas médias não coincidem exatamente com as temperaturas observadas em fontes como o Met Office do Reino Unido, por exemplo. Isso ocorre porque provavelmente provêm de uma estação meteorológica específica, e não de uma área de grade maior, conforme descrito acima, e as características de estações específicas, como altitude, vegetação ou se o local é urbano ou rural, podem ser significativamente diferentes da temperatura média de uma grade.
Além disso, as temperaturas registradas tendem a indicar um período de tempo mais específico, como um dia específico, ou a temperatura máxima daquele dia, enquanto os dados em nosso infográfico representam uma temperatura média para todo o mês.
Por que a temperatura média da minha cidade parece baixa?
Em primeiro lugar, as temperaturas são uma média dos valores diurno e noturno, portanto, são naturalmente reduzidas pelas temperaturas mais baixas à noite. Em segundo lugar, é o valor médio para todo o mês - 'atenuando' todos os dias atipicamente quentes ou frios.
Créditos
Designers: Prina Shah e Irene de la Torre Arenas. Desenvolvedores: Alexander Ivanov e Becky Rush. Produção e reportagem: Nassos Stylianou, Clara Guibourg and Paul Rincon. Colaboraram com metodologia e análise de dados: Zeke Hausfather (Carbon Brief), Karsten Haustein e Friederike Otto do Instituto de Mudança Ambiental da Universidade de Oxford (Reino Unido)
Ref.: https://brasil.elpais.com/
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