Postado em 02/09/2021 08:24 - Edição: Marcos Sefrin
SAIBA COMO SUPERAR AS POSSÍVEIS DIFICULDADES INICIAIS
Procurar pelos produtos verdadeiramente veganos ou aptos para veganos indicados por listas confiáveis é algo essencial na vida vegana. (Imagem: TOB)
Muitas pessoas costumam dizer, com convicção, quando respondem a iniciativas de conscientização em prol do veganismo: “Mas ser vegana(o) é muito difícil!”
Porém, o que mais é respondido pela população vegana é que consolidar esse modo de vida é mais fácil do que os leigos creem. Até pode haver eventuais dificuldades no começo, mas a pessoa consegue superá-las em relativamente pouco tempo com o devido conhecimento.
No final das contas, depois que adquire certa experiência – mesmo que de alguns meses – e know-how, a pessoa vai perceber que os temidos obstáculos não eram tão fortes assim e ficaram para trás e ser vegana não é aquele “trabalho hercúleo” que acreditava ser.
Saiba neste artigo por que o veganismo não é necessariamente difícil de se aderir, que dificuldades iniciais podem dar a impressão contrária e como superá-las. Se você estiver passando por alguma delas, vai sentir muito alívio depois de ler este texto.
Por que ser vegana não é tão difícil como muitos acreditam
Praticar o veganismo é algo descomplicado porque as pessoas tendem a se iniciar nele carregando alguns preconceitos e temendo dificuldades que, na maioria das vezes, acontecem entre a transição e os meses iniciais.
Essa é uma fase de aprendizagem. Nela o indivíduo, pouco a pouco, deixa de acreditar que vai ter muitas privações em seu consumo, que é difícil entender os Direitos Animais, que será obrigado a recorrer a alimentos caros e/ou nutricionalmente fracos, que empresas que não testam em animais nem patrocinam eventos especistas são raras e só vendem para os endinheirados de cidades grandes etc.
Com a devida paciência, o desejo de continuar aprendendo sempre e a persistência e consciência de quem está promovendo uma mudança na própria vida em prol de uma causa maior, essas crenças vão dando lugar a um amplo conhecimento real.
Ele vai aprendendo quais empresas são veganas ou (verdadeiramente) vegan-friendly, onde comprar seus produtos, como falar de veganismo para quem ainda não o compreende, como responder antiveganos, como preparar refeições totalmente vegetarianas sem precisar de componentes caros, como se nutrir bem sem ingerir nada de origem animal, como ser vegano para além do hábito de consumo etc.
E com essa sabedoria, a pessoa percebe que ser vegana é muito mais fácil do que parecia ser no começo.
Que dificuldades (iniciais) levam muitos a crer que virar ou ser vegana é difícil
Ser vegana pode ser complicado na fase de transição e nos primeiros meses de veganismo, mas as dificuldades podem ser superadas sem grandes esforços. (Imagem: Reddit u/treefox)
Nas etapas transicional e inicial do veganismo, muitas pessoas passam por dificuldades como:
- Relutar em assimilar o posicionamento de que os animais não humanos deveriam ser tratados como moralmente iguais pelos seres humanos;
- Passar muito tempo numa fase protovegetariana, substituindo carnes por laticínios e ovos e tendo dificuldade de se desapegar do sabor desses alimentos;
- Não saber como preparar pratos veganos, depois de anos ou décadas acostumadas com pratos centrados em alimentos de origem animal;
- Ter pouco conhecimento sobre fontes não animais de nutrientes e seguir crenças como as de que só produtos animais fornecem proteína, ferro, cálcio, zinco e vitaminas suficientemente e que as refeições veganas são centradas em saladas sem graça ou ultraprocessados à base de plantas que imitam carnes e laticínios;
- Enfrentar a preconceituosa oposição de parentes, amigos, colegas e outras pessoas do seu círculo social e não saber como responder os argumentos antiveganos deles;
- Ter muito contato com conteúdo “pró-vegano” que na verdade é puro bem-estarismo e/ou nada mais que dieta ou hábito de consumo seletivo – e, com isso, ter uma noção inicial equivocada sobre a ética vegana;
- Não saber quais empresas realmente são veganas ou aptas para veganos;
- Estarem suscetíveis a serem enganadas pelos “selos veganos” em produtos de empresas envolvidas com testes em animais e/ou patrocínios especistas;
- Gastar demais com produtos (real ou falsamente) veganos caros ou continuar consumindo alguns não veganos, por acreditar que as alternativas livres de exploração animal aos alimentos e demais produtos do seu dia-a-dia sempre têm preços altos e não conhecer as opções localmente disponíveis com valor módico.
Como superar essas dificuldades e ter uma transição descomplicada para o veganismo
Como superar esses obstáculos? Respectivamente à lista acima, trago as seguintes dicas e recomendações:
- Conheça melhor os impactos da crença oposta a essa igualdade moral, ou seja, do especismo, tanto para os animais não humanos como para o meio ambiente e os próprios seres humanos. Assista a documentários, alguns deles com cenas fortes, outros com conteúdo mais leve; leia livros que abordam a exploração animal, como os meus dois primeiros e outros disponíveis na minilivraria do Veganagente (afiliada à Amazon); leia também o conteúdo conscientizador de sites como o Veganagente e assista a canais do YouTube que abordam a ética vegana libertacionista, como o Vegano Vitor. No final das contas, você perceberá que o verdadeiro absurdo não é acreditar que os animais não humanos merecem tanto respeito quanto nós, mas sim os contrários (o especismo e as convicções do tipo “prefiro bicho a gente”);
- Caso tenha dificuldade de largar o leite, o queijo, o iogurte etc., aprenda receitas caseiras de suas versões vegetais, que são quase sempre fáceis e podem ser feitas a partir das mais diversas sementes, cereais e leguminosas, como soja, aveia, arroz, amendoim, castanha, amêndoas e sementes de girassol. Caso queira comprar leite vegetal pronto no mercado, saiba identificar aqueles que são vegan-friendly. No caso dos ovos, uma sugestão de prato é o tofu mexido com sal negro, que tem um sabor muito parecido com o ovo mexido. Busque aprender também como substituir o leite animal e os ovos em receitas;
- Conheça canais do YouTube, sites e livros que divulgam receitas veganas. Alguns canais que eu recomendo são a Vegana Bacana, o Pensando ao Contrário, o Presunto Vegetariano, o veganandcolors de Ana Cristina e o VegTube, existindo dezenas de outros exemplos. Quanto aos sites, eu indico o Pensando ao Contrário, o Presunto Vegetariano, o Cantinho Vegetariano, a Vegana Prática, o Papacapim (que também traz muito conteúdo sobre veganismo popular), a Chubby Vegan, a Veganana etc. Em alguns casos, o canal ou site já não tem mais novas postagens há algum tempo, mas ainda assim continua tendo muita utilidade pelo seu acervo. E disponibilizo diversos livros de culinária vegana à venda na minilivraria do Veganagente. Obs.: Evite canais e sites vegetarianos que fazem propaganda de produtos “veganos” de marcas envolvidas com testes em animais e patrocínios especistas, por violarem a ética antiespecista e, por causa disso, parte de suas receitas serem falsamente veganas;
- Consulte-se, se tiver condições (ou sorte, caso dependa exclusivamente do SUS), com um(a) nutricionista que saiba atender bem o público vegano e vegetariano. Ele(a) orientará você sobre as melhores fontes não animais (de origem vegetal, algas, fungos comestíveis, luz solar e suplementos) de nutrientes diversos que muita gente ainda crê só existirem suficientemente em alimentos de origem animal. Complementarmente – ou enquanto você não tiver pleno acesso a tal profissional -, acesse materiais de nutricionistas e nutrólogos como Eric Slywitch (canal no YouTube e livro Alimentação sem carne [link afiliado]) e o Comitê de Médicos pela Medicina Responsável (em inglês);
- Leia ou assista a conteúdo que ensina como responder argumentos antiveganos, derrubar a eventual relutância de seus familiares e amigos e colocar os preconceituosos no seu devido lugar. Recomendo vários dos artigos de dicas veganas do Veganagente, o Guia de Falácias Antiveganas deste blog, o livro Manual de sobrevivência para veganos e vegetarianos e a playlist 30 Argumentos Contra o Veganismo do canal Vegano Vitor;
- Acesse conteúdo que fala do veganismo sob uma ótica libertacionista antiespecista – e popular interseccional -, entre eles o acervo do Veganagente, o canal Vegano Vitor, o blog Papacapim e os perfis do Instagram que promovem o veganismo popular;
- Saiba de quais empresas você precisa evitar comprar e quais são realmente vegan-friendly ou veganas no site Ari Vegan e nos perfis @ariveganbeauty e @vegetarianos.online no Instagram. Listas como as da PETA, Leaping Bunny e PEA não são confiáveis, por considerarem “cruelty-free” (livres de testes em animais) produtos de marcas cujas empresas-mãe, por exemplo, comercializam na China, onde testes em animais ainda são obrigatórios, ou patrocinam rodeios;
- Não se deixe enganar por “selos veganos” e produtos com “vegan” no rótulo. Muitas vezes eles foram obtidos e inseridos em parte dos produtos por empresas que nunca abandonaram a política corporativa de testar matérias-primas usadas por outras de suas marcas em animais e/ou patrocinar eventos especistas. Consulte as listas da Ari Vegan e do @vegetarianos.online para saber quais produtos realmente são veganos ou aptos para veganos;
- Estes mesmos sites e perfis também orientam você sobre a faixa de preço dos produtos veganos e aptos, lhe permitindo saber quais são os mais compatíveis com o seu poder aquisitivo. Além disso, frequente os super, mini e hipermercados, farmácias e mercearias de onde você mora e procure por esses produtos nas prateleiras.
Conclusão
Se você acreditou que ser vegana é algo difícil e caro, foi por ainda não conhecer as melhores maneiras de viver esse modo de vida e de superar os obstáculos iniciais que atrapalham a sua transição e os primeiros meses de veganismo.
Neste artigo, você viu que, para todo problema, existe solução. Nada há de tão complicado na vida vegana que a torne inviável para você.
Se você agora se convenceu de que o modo de vida vegano é mais fácil do que parecia, agora provavelmente tem plenas condições de seguir adiante, com a devida força de vontade, na sua introdução a esse posicionamento ético e político e ajudar a libertar os animais da exploração e da inferiorização moral.Desde já, eu desejo a você boas vindas ao veganismo e feliz vida vegana!
Ref.: https://veganagente.com.br/
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