Postado em 27/09/2018 16:56 - Edição: Marcos Sefrin
Linhas de transmissão de energia do sistema elétrico nacional.
A italiana Enel fechou a compra 73% da distribuidora de energia Eletropaulo por R$ 5,552 bilhões. Ao todo foram negociadas 122,7 milhões de ações em oferta pública realizada nesta segunda-feira (4) em leilão na bolsa de valores (B3). O preço por ação, de R$ R$ 45,22, foi definido na quarta-feira (30). A transação a tornará a líder no mercado brasileiro de distribuição de eletricidade, posição até então ocupada pela CPFL Energia, da chinesa State Grid.
A proposta da Enel estava condicionada, entre outros fatores, à compra do controle da Eletropaulo, ou seja, de mais de 50% do capital. Se todos os acionistas optassem por vender seus papéis à companhia italiana, o custo da operação teria sido de R$ 7,56 bilhões.
Com a transação, a Enel ainda se comprometeu a fazer um aumento de capital na distribuidora paulista de pelo menos R$ 1,5 bilhão.
Para assumir o controle da Eletropaulo, a companhia italiana ofereceu um valor por ação maior do que o oferecido pela Neoenergia, que se dispôs a pagar R$ 39,53.
A Neoenergia, controlada pela rival Iberdrola, ofereceu 39,53 reais por ação da Eletropaulo em sua proposta final pelo ativo, na semana passada.
Ganho de escala e liderança de mercado
Com a compra do controle da Eletropaulo, a Enel passa a ser líder em distribuição de energia e adiciona 7 milhões de consumidores à base de clientes da Enel no Brasil, que alcança 17 milhões, “acelerando sua trajetória de crescimento nas maiores áreas metropolitanas do mundo”, conforme disse a companhia em nota.
A briga pela distribuidora, responsável por levar energia a São Paulo e outras 23 cidades da região metropolitana, foi acirrada, com direito a interferência de autoridades na negociação e críticas públicas entre as possíveis compradoras.
O grande interesse na transação se deveu à possibilidade de controlar a companhia, até então de capital pulverizado, e a vantagens operacionais por conta do tamanho, da região abastecida e do perfil do consumidor atendido por ela, segundo especialistas.
Antes do leilão, a maior parte dos papéis (49,58%) da Eletropaulo estava na mão de pequenos investidores e podia circular na bolsa. Seus maiores acionistas individuais eram o braço de participações do BNDESPar (Banco Nacional de Desenvolvimento Social) e o grupo AES, que detinham 18,73% e 16,84% das ações, respectivamente. A União Federal tinha outros 7,97%, investidores qualificados tinham outros 5,05% e 1,83% estavam na tesouraria da empresa.
Desde que as ofertas pela empresa começaram em março até a definição do comprador, o valor de mercado da companhia aumentou de cerca de R$ 3 bilhões para R$ 5,5 bilhões, segundo dados da Economatica.
A briga
A disputa pela Eletropaulo começou em março, quando a brasileira Energisa fez uma oferta de R$ 19,38 por cada ação da empresa. A investida veio depois de uma proposta da italiana Enel para comprar a participação da americana AES no negócio, de valor desconhecido.
Depois disso, a Neoenergia, do grupo espanhol Iberdrola, também entrou na concorrência e passou a brigar com a Enel pelo negócio lance a lance. Diante dos preços agressivos dados pelas rivais, a Energisa acabou desistindo e retirou sua oferta.
A Neoenergia até chegou fechar um acordo para ficar com novas ações que seriam emitidas pela Eletropaulo, mas a emissão dos papéis foi suspensa diante de proposta mais alta da Enel. Sem se dar por vencida, a espanhola pediu arbitragem no mercado brasileiro para apurar o cancelamento.
No meio do processo, a Neoenergia até chegou fechar um acordo para ficar com novas ações que seriam emitidas pela Eletropaulo, mas a emissão dos papéis foi suspensa diante de proposta mais alta da Enel. Sem se dar por vencida, a espanhola pediu arbitragem no mercado brasileiro para apurar o cancelamento.
O duelo entre as duas empresas chegou até mesmo a autoridades da União Europeia. A Neoenergia alegou que a rival teria vantagem no negócio por ter controle estatal e a Enel se defendeu dizendo que as queixas não tinham substância e visavam atrapalhar uma concorrência justa.
A disputa também gerou críticas públicas entre as companhias. A Enel comprou anúncios em jornais para questionar um acordo anterior assinado entre a empresa e a Neoenergia, enquanto o presidente da Neoenergia, Mario Ruiz-Tagle, ainda disse em entrevista à Reuters que o Brasil precisa ter cuidado para não acabar com seu setor elétrico dominado por “estatais estrangeiras”.
Mas na semana passada, em entrevista à rede televisiva CNBC, o presidente da Enel, Francesco Starace, colocou panos quentes sobre a rivalidade e disse estar surpreso com a “agressividade” envolvida na concorrência.
Ref.: http://www.osul.com.br
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